Não quero mais a neutralidade. Quero assumir minha realidade e me expor e vencer o medo de errar que bloqueia o movimento e a criação. Quero pecar por excesso.

Esse blog é isso. Um exercício de Libertação.








segunda-feira, 12 de abril de 2010

Sessão nostalgias da minha infância 2

Seguem mais duas recordações em papel de fotografia amarelado com cheiro de saudade e um pouco de poeira. As duas têm a mesma natureza de alegria perversa.

Episódio: Os exterminadores de formigas gigantes
Local: Praça da Abolição, que na verdade, se chamava era praça da bolição e só virou abolição porque agora eu sou adulto.
Personagens: Todos os primos.
Fato: É isso. Sem mistério e sem explicação. Acompanhados pelo meu pai, a diversão era esmagar com os pés aquelas formigas com dimensões inacreditáveis (talvez isso seja coisa de memória seletiva e fantasiosa, mas as formigas têm pra mim um tamanho de aranha tarântula). A praça nem perto da casa da vó ficava, mas nós íamos até lá guiados unicamente pela sede de esmagar.

Assustado? Então prepare-se para a próxima:

Episódio: A matadora de lesmas.
Local: Casa da vó
Personagens: Eu ou aquela personagem de aparelho do desenho do Nemo que chacoalha os peixinhos dentro do saquinho de água (dá na mesma). Eu sempre na companhia de algum adulto, pois minha meninice não me permitia enfrentar sozinha a escuridão do quintal logo atrás do corredor.
Fato: O crime ocorria de noite, quando todas as lesmas do mundo saiam dos seus esconderijos para se encontrarem no corredor do quintal da vó. Munida do saleiro gigante azul com duas tampas, que mais parecia um tapawer, eu caçava as pobrezinhas uma a uma. As coitadas nem tinham tempo para correr (hahaha desculpe, não pude perder a piada). Jogava cuidadosamente uma boa pitada de sal e observava com um prazer alucinado o bichinho espumar, derreter e virar geleca. Sem dó nem o menor peso na consciência. Essas coisas não existem na cabeça de uma criança.
E a cabeça dos adultos é que é bem engraçada. Alguém sabe me dizer por que tenho a sensação de que seu contasse um episódio de matança de baratas, não me sentiria tão malvada? Porque estamos condicionados: barata foi feita para morrer!

Isso me lembrou mais um episódio. Nesse sou um pouco mais velha e mera espectadora, chocada com o que vê.
Local: banheiro de visitas da minha antiga casa em Piracicaba
Personagens: Uma parente da vizinha que às vezes ficava com a gente enquanto os pais não estavam. Esqueci seu nome, mas seu rosto sou capaz de desenhar. Ela não tinha um dente da frente.
Fato: Noite muito quente. Não me lembro bem como sucederam as coisas, então seguirei direto para a imagem: a mulher debruçada no chão, em pose de predador a espreita, com a cabeça entre a privada e a pia, não movia um fio de cabelo. Silêncio. Silêncio. Eu, do lado de fora encostada na porta, nem respirava para não atrapalhar. E de repente o bote: CLAP. Não, meu amigo. Isso não é o som de uma previsível chinelada. Esse é o som do inesperado, do inadmissível. A mulher pega a barata com uma mão. Com a outra, faz uma toquinha igual quando se segura um passarinho. Levanta-se e joga a nojenta monstruosa pela janela. Vivinha da Silva. (Detecto nesse exato segundo minha tendência de exagerar, pois já ia logo dizendo que ela fez isso umas três vezes, com baratas diferentes. Mas sendo racional, acho que foi uma só mesmo).
E... sinceramente não sei como terminar esse Post. O que eu queria dizer fugiu pela janela junto com a barata! ???????

Um comentário:

  1. Jaque, não era praça da abolição e sim praça da liberdade!!! Coitadinhas das formigas que estavam em liberdades!!!rsrsr

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