Não quero mais a neutralidade. Quero assumir minha realidade e me expor e vencer o medo de errar que bloqueia o movimento e a criação. Quero pecar por excesso.

Esse blog é isso. Um exercício de Libertação.








sábado, 1 de dezembro de 2012

A árvore de Natal na Alemanha


    Um bafo natalino que eu descobri esses dias: Uma colega da meditação perguntou se era tradição no Brasil montar a árvore já no começo de Dezembro, pois sua vizinha brasileira faz isso todo ano. Perguntei quando então se enfeita o pinheiro por aqui e descobri que rola todo um mistério para as crianças.
    Na Deutschlândia o Papai Noel não é a última bolachinha do pacote não. A maioria dos pequenos, em vez de acreditar no homem da Coca Cola, aguarda ansiosa pela vinda do Cristo menino (Christkind). É ele quem monta na calada da madrugada do dia 23 a bela árvore de natal. Assim, quando as crianças acordam na manhã seguinte, vivem um momento de deslumbramento ao se depararem com a obra do Jesusinho.   

Neve


    Diversão do dia: pedalar do trabalho de volta pra casa com a boca aberta para comer os flocos de neve.
    Quando neva flocos gordos e não venta parece que o tempo passa em câmera lenta (rima do acaso).
    Eu me sinto parte de um daqueles enfeites de natal com água dentro que se chacoalha pra cair a nevinha.
    Pois é... vá saber se o mundo não é uma grande bola natalina e nós a mini cidadezinha colírio para os olhos de algum gigante.


OBS: Ando ausente porque estou muito ocupada empacotando minhas coisas para voltar pra casa e ainda não sei qual o espaço reservado pro coitado do Blog na mala.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Zugspitze- o topo da Alemanha


     Há muito tempo que queremos subir essa montanha, mas a procura do dia perfeito fez nosso passeio demorar alguns meses pra sair. Era preciso sol, muito sol, para podermos ver o máximo possível do mar de montanhas e eu sonhava que tudo estivesse branquinho de neve. Como lá é muito alto e venta muito, também não poderíamos ir no auge do inverno, quando ficar ao ar livre se tornaria insuportável. Ou seja, muitas exigências: sol, neve e temperaturas amenas. Pois tivemos a sorte de encontrar esse dia e realizamos nosso último passeio a dois, antes de voltarmos para o Brasil.
    5 horas da matina e lá vamos nós levantar para pegar o trem as 6. Dessa vez, nem as galinhas tinham acordado, já que em Novembro os dias ficam claros umas 7:30. A viagem durou 2 horas e 50 min com 4 escalas. Ui. A hora que vc começa a sentir um soninho gostosinho de trem, é hora de descer e pegar outro. Nada disso, no entanto, foi problema. Nem mesmo o fato de eu ter dormindo as 3:30 da matina. Já viu isso? Como uma criança em dia de excursão, não preguei o olho de ansiedade.


    Enfim... chegamos aos pés das Montanhas gigantescas, onde optamos por subir de teleférico. Muito legal assistir ao show de mágica do encolhimento do mundo. Existe também a opção subir de trenzinho por dentro de um túnel. O preço é o mesmo. Por sinal, um tanto salgado, mas valeu cada centavo. A vista lá de cima é simplesmente... não sei o que dizer... muuuuuuito difícil descrever a perfeição do nosso planeta.  Voltemos então ao teleférico que a essa altura já está nos últimos metros de sua subida. Últimos metros um pouco emocionantes demais para quem não adora altura. É que o vento do pico resolveu nos embalar. Aconchegante se o berço não estivesse a 3.000 metros de altura.

    Descemos da cabine. Ufa. Terra firme é terra firme. Corremos então para o tal do pico do pico, onde fica a cruz dourada. Dentro da estação uma lojinha de souvenir, um restaurante, um café e uma placa informando as condições meteorológicas: -2 graus. Por mais geladeira que isso soe para um brasileiro, no topo da Germânia é realmente uma temperatura amena. Em janeiro desse ano, adiamos nosso passeio, quando vi na internet que a temperatura lá em cima estava beirando os -30.



    Depois de uma escada, saímos por uma porta e tchãnan! Uma das vistas mais belas de toda minha vida. O infinito azul levemente coberto de neve. Silencioso. Estávamos literalmente com a cabeça nas nuvens. A imagem é tão forte que não se consegue pensar em outra coisa. Ela preenche. Hipnotiza. E você vira pura contemplação. Como se apertassem o botão pause da vida e naquele momento você só existe. Deve ser por isso que ir para as montanhas é tão relaxante. 



     Tudo é tão perfeito, que para nos trazer de volta desse momento zen de plenitude, contamos com o vento. Tão forte, mas tão forte, que às vezes era duro de respirar. Eu entrava na estação com gostinho de quero mais, esperava 5 minutos atrás da porta no quente e, assim que meus dedos paravam de latejar de frio, corria novamente lá pra fora, me atirando no infinito.

    
    Descemos em seguida alguns metros com outro teleférico para a área de ski, onde também havia um restaurante e onde se podia caminhar mais livremente pela montanha, afundar os pés na neve e escorregar de ski bunda. Essa parte é como uma pequena planície, onde venta menos. Tomamos cerveja ao ar livre no meio da neve, sem sentir um pingo de frio. Maravilhoso!



    Antes de partir, ainda almoçamos pratos típicos no restaurante mais alto da Alemanha. 
 

    Lá em baixo, o passeio não acabou. Demos uma volta pelo lago Eibsee curtindo a floresta de pinheiros com as cores do entardecer. Parecia coisa de filme.


    No fim da tarde, enfrentamos exaustos e felizes nossas 2 horas e 50 min de retorno para Freising. Trouxemos as montanhas conosco. Durante o resto do dia, onde quer que eu olhasse era aquela imagem que eu via.        




domingo, 28 de outubro de 2012

Uma semana depois... a mesma árvore!


Let it snow, let it snow, let it snow!!!

A danada chegou cedo esse ano. Chegou atropelando o outono que nem se quer ainda foi embora :)

sábado, 27 de outubro de 2012

O vazio da parede vazia


    Minha felicidade incomensurável de voltar para casa não deprecia em nenhum momento a vida maravilhosa que tenho por aqui. Por que será que a gente tem essa mania de taxar as coisas? Hoje contando para uma amiga o quanto estou ansiosa para partir, ela perguntou: nossa aqui é tão ruim assim? Absolutamente... a alegria de ir embora não diminui os maravilhosos anos que vivi na Alemanha. Uma coisa não exclui a outra.
    
    Hoje comecei a me despedir lentamente do meu larzinho delicioso. Segunda-feira o apartamento será pintando, de modo que passei o dia tirando os muitos quadros e seus pregos das paredes. Uma atividade aparentemente insignificante. Aparentemente.
    Retirar o quadro, observá-lo com carinho em minhas mãos, sorrir com a lembrança que ele me traz e depositá-lo no sofá para ser empacotado é muito prazeroso. Aqui não há a idéia de separação, já que faremos a tão longa viagem juntos e eles continuarão a fazer parte da minha história. Há, no entanto, algo que fica. Algo que chora. E esse algo é a parede branca, vazia e esburacada. Tudo ficou tão triste que eu mesma sinto-me agora um pouco branca, vazia e esburacada. Essa impessoalidade da parede sem quadros é quase um tapa na cara. Cada buraco uma ferida aberta. Sinto como se eu e meu apartamento estivéssemos terminando um relacionamento. Estamos... na realidade. Um relacionamento tão saudável e feliz que só agora me dei conta o quanto eu vou sentir falta dele.
    Hoje caiu a primeira neve desse inverno. E quando neva, a casa da gente fica infinitamente mais gostosinha e aconchegante. Não há coisa mais acolhedora do que chegar do frio lá de fora, sentir o ar quentinho do lar, fazer um chá e observar pela janela os flocos de neve caírem. Protegido. Pois é. Exatamente isso eu não senti quando cheguei hoje da rua. A casa está meio irreconhecível. Já tem menos a nossa cara e ainda está de cara virada pra mim. Fiz um chá para ajudar, mas enquanto escrevo, percebo o paredão vazio atrás da tela do computador. 
    
    Voltemos agora ao primeiro parágrafo, até então desconexo do restante do texto. A alegria de ir embora, não me impede de sentir a tristeza da despedida. É como se nunca sentíssemos um sentimento por completo. Há sempre um pedaço que chora e um que ri. Separações serão sempre doloridas. Não positivas, nem negativas. Transformadoras.
    O oco é desconfortável porque nós seres gulosos desejamos o todo. O aqui e o lá. O agora, o antes e o depois. Sem esse vazio, no entanto, como haverá espaço para o novo? Além disso... o oco nunca é oco de verdade. Ele é cheio de lembranças que levamos para sempre como tatuagens.
    
    Partirei, portanto, muito tatuada, vazia, feliz e triste.

    E aliviada porque, para nossa sorte, a palavra partir vem sempre acompanhada de outra... chegar!  


    Detalhe: depois de tudo pronto e publicado, percebo na foto uma palavra em vermelho que salta de uma das plaquinhas. Que bonito! 

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Outono e Pablo Neruda


     A árvore de frente da minha casa resolveu esse ano assumir um laranja inverossímil. Seria muito narciso pensar que ela fez isso só pra mim? Em comemoração ao meu último outono alemão? Acordar de manhã, abrir a janela do quarto e deparar-se com uma beleza dessas, faz o meu dia um pouquinho mais feliz. Obrigado quem quer que seja o responsável por isso. Aprecio o presente! 
    
    E viva a cortesia que a idéia do "último" traz para os meus olhos! 


    Para fechar aí vai um pouco de Pablo Neruda...

Se todos os rios são doces, de onde o mar tira o sal?
Como sabem as estações do ano que devem trocar de camisa?
Por que são tão lentas no inverno e tão agitadas depois?
E como as raízes sabem que devem alçar-se até a luz e saudar o ar com tantas flores e cores?
É sempre a mesma primavera que repete seu papel?
E o outono?... ele chega legalmente ou é uma estação clandestina?



quinta-feira, 18 de outubro de 2012

A arte de fazer caretas na abóbora

Já que estamos em clima de Halloween, vale a pena olhar esse vídeo. O homem é um artista!



    Confesso que fiquei morrendo de vontade de tentar em casa, mas sozinha parece que perde o sentido.  

    
    Um dos momentos mais inesquecíveis que vivi com meus 7 anos nos Estados Unidos foi esculpir  uma abóbora de Halloween com meu pai. Foi um trabalho árduo e divertidíssimo. Quando pronta, acendemos uma vela dentro e colocamos orgulhosos nossa arte no parapeito da janela para assustar! Ou enfeitar!  Farei o mesmo com minhas Kids. Muito mais emocionante fabricar monstro do que fazer sopa.