Não quero mais a neutralidade. Quero assumir minha realidade e me expor e vencer o medo de errar que bloqueia o movimento e a criação. Quero pecar por excesso.

Esse blog é isso. Um exercício de Libertação.








domingo, 25 de setembro de 2011

Onde fica o Brasil?

Toda dia quando eu vou buscar as crianças na escolinha, deixo minha bicicleta parada do lado da igreja e ando o resto do caminho a pé.

Outro dia, passando por lá para voltar para casa, a Mariette perguntou: - É aqui que é o Brasil?

E eu, sem entender nada: - Não, porquê?

- Ué porque você disse que mora no Brasil e sua bicicleta está sempre ali.

-Não Mariette, ali é casa de Deus. Eu moro num apartamento do outro lado da cidade, que não é nem na igreja e nem no Brasil.

-Mas então em que direção fica o Brasil?

-Eu não sei direito. Mas é beeeeem longe. Você tem que pegar avião pra chegar lá.

A pequena ficou pensativa o resto do caminho. Quando estávamos quase chegando na sua casa, ela apontou um morro no horizonte cheio de casinhas (provavelmente a maior distância concebível para os seus 4 anos) e perguntou:

-E lá? É lá que é o Brasil?

Eu comecei a dar risada. Como explicar que um oceano ou 12 horas de vôo nos separam? Isso é muito grande pra sua cabecinha. Então eu disse:

-Quase. O Brasil fica logo atrás daquele morro.

Voltando no fim da tarde pra casa, avistei novamente o Brasilien da Mariette e dei um longo suspiro: Bem que ela podia ter razão!

Musical Cabaret

Fui assistir com uma amiga! Foi muuuuito legal poder ver ao vivo o filme que eu já conhecia. A personagem principal tem uma voz de doer de linda. Abaixo ela e uma das músicas mais bonitas do espetáculo:


quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A história do Bule de London

Em Julho tivemos a oportunidade de voltar para a terra dos Gentlemen com a Irmes e a Mari.

Desde a outra vez que fui pra lá fiquei encucada com a idéia de fazer um chá de London com torradas e biscoitos amanteigados aqui em casa. Mas com os vai-e-véns da vida nunca tive tempo de promover o evento (detalhe: os convidados seriam só eu e o Tato mesmo.... hahaha).

Mas... voltemos à London e seu Ben nem tao Big assim. Durante nosso delicioso passeio pelas avenidas gigantes entramos em uma lojona de souvenirs no mundo iluminado do Picadilly Circus. E foi aí que aconteceu. Foi aí que O avistei. E me apaixonei. O Bule!!!! Com letra maiúscula. Perfeito para o meu tão idealizado chá. Eu PRECISO TER esse Bule, pensava vidrada durante meu surto consumista.

Como convencer, no entanto, meus companheiros viajantes de que eu, Jaquelina que nunca toma café nem promove chás, precisava de um Bule?

A idéia ficou remoendo na minha cabeça. Não comprei na hora. Na verdade eu também estava com um pouco de vergonha porque meu Bule não é nada tradicional. Eu precisava de coragem para me dar um presente daqueles. Como permitir a si mesmo comprar um negócio que nem é tão útil assim? Ainda mais eu, fajutinha, que só compro sem culpa quando as coisas estão em promoção. Infelizmente o preço do meu sonho de consumo passava longe de uma delas. Será que eu devia desistir? Mas esse bule, aliás, Bule.... ele é como eu! Nós fomos feitos um para o outro!!!

Resolvi dormir com o dilema. E, para minha alegria, no dia seguinte... recebi o SINAL!!! Depois de brigar por um espacinho na multidão para assistir a troca da guarda na frente do Palácio de Buckingham, fomos parar numa balada no jardim do palácio do Charles. Na entrada, após passarmos por um super-sistema de segurança igual de aeroporto, recebemos uma sacolinha de brinde. E adivinha o que tinha lá dentrooooo? Além de um leque japonês chiquérrimo, tinha uma caixinha chiquérrima com pedrinhas chiquérrimas de um chá verde chiquérrimo. Era o SINAL!!!!

Não hesitei mais. Avisei que naquela tarde tinha negócios pendentes a resolver na lojona de souvenirs. Quem quisesse poderia ir junto. Expliquei. Ninguém entendeu direito, mas tb não me recriminou. Eu estava tão decidida e segura de mim que minha compra quase soou razoável!

No dia seguinte voei para casa não cabendo em mim de felicidade! Trazia um tesouro na mala. Todos estavam convidados na mesma tarde para o meu chá de London! Seria muito melhor do que havia sonhado: TRÊS convidados, chá londrês e bule londrês. Só precisava passar no supermercado buscar os biscoitos e seria uma tarde inesquecível! Pedi ainda que todos usassem chapéus iguais das Madames no casamento do William e me encontrassem às 17:00 na cozinha.

Desfiz a mala. O Bule tinha sobrevivido intacto à viagem. Ufa!!! Fui lavá-lo com todo o cuidado do mundo para sua estreia logo mais.

Foi quando o mundo desabou.

Enchi de água e a água não saia. Como pode? Pensava. Deve ser alguma travinha de segurança, algum isopor de proteção. Enfiei a mão dentro do mardito e constatei o inconstatável, inadmissível, incompreensível: ele não tem buraco.

SIM meus amigos. O Bule ou veio com defeito ou é apenas um objeto decorativo.

Marinarva, Irmes e Tato quase morreram de rir da minha tragédia.

Eu decidi não arriscar um furo com furadeira. Poderia ser fatal. Pior do que Bule sem furo é Bule em milhões de pedacinhos.

O Chá foi cancelado por motivo de força maior.

E desde então.... observo o tal diariamente no parapeito da minha janela junto com minhas várias souvernirs de viagens.

Pelo menos uma história pra contar J Quem é que nunca viajou e voltou com lembrancinhas inusitadas? Por exemplo, um rolo de papel higiênico com estampa de notas de euros ou uma foca de pelúcia branca da lojinha de 1 Euro? huhuhuhu



domingo, 11 de setembro de 2011

Função da arte

Penso que a arte é o nível mais alto a que pode chegar a expressão humana. E o seu principal objetivo é transformar a vida. A arte é sempre profundamente relacionada com a vida e a morte, a alma e o corpo. Algumas vezes é impossível ao pensamento lógico compreender isso. A arte tenta desvendar o mistério de viver e morrer.

Trechinho da entrevista com o dançarino de Butoh Kazuo Ohno (novamente li no site do Mallet: www.grupotempo.com.br)!

sábado, 3 de setembro de 2011

O Manoel de Barros é genial!!!

Soberania

Naquele dia, no meio do jantar, eu contei que
tentara pegar na bunda do vento — mas o rabo
do vento escorregava muito e eu não consegui
pegar. Eu teria sete anos. A mãe fez um sorriso
carinhoso para mim e não disse nada. Meus irmãos
deram gaitadas me gozando. O pai ficou preocupado
e disse que eu tivera um vareio da imaginação.
Mas que esses vareios acabariam com os estudos.
E me mandou estudar em livros. Eu vim. E logo li
alguns tomos havidos na biblioteca do Colégio.
E dei de estudar pra frente. Aprendi a teoria
das idéias e da razão pura. Especulei filósofos
e até cheguei aos eruditos. Aos homens de grande
saber. Achei que os eruditos nas suas altas
abstrações se esqueciam das coisas simples da
terra. Foi aí que encontrei Einstein (ele mesmo
— o Alberto Einstein). Que me ensinou esta frase:
A imaginação é mais importante do que o saber.
Fiquei alcandorado! E fiz uma brincadeira. Botei
um pouco de inocência na erudição. Deu certo. Meu
olho começou a ver de novo as pobres coisas do
chão mijadas de orvalho. E vi as borboletas. E
meditei sobre as borboletas. Vi que elas dominam
o mais leve sem precisar de ter motor nenhum no
corpo. (Essa engenharia de Deus!) E vi que elas
podem pousar nas flores e nas pedras sem magoar as próprias asas. E vi que o homem não tem soberania nem pra ser um bentevi.


Léon Bloy

Será necessário toda a eternidade para admirar a absoluta indizível beleza das coisas que não somos nós mesmos a fazer.


Roubei do blog do Mallet.

Um BOOM pro inventor dos Fogos!

Você já parou pra pensar sobre os fogos de artifício? Porque para ver eu tenho certeza que sim.

Ontem, da nossa sala, assistimos a queima de fogos da festa da cidade. Nossa sexta-feira preguiçosa de pijamas foi repentinamente invadida por esse momento mágico que chegou pela fresta aberta da janela. Depois escancarada.

Que bonito que é isso! Que metido que é o homem. Ele criou uma explosão de cores brilhantes só para o deleite de seus olhos. Uma explosão de segundos sem nenhuma outra função que o prazer de contemplar. Celebrar. Um BOOM por um Ahhh! Um BOOM por um óóó! Um BOOM por um uuuuhhh!!! Uma explosão generosa porque até quem não pagou pode ver sem ser bicão.

Fico pensando o que pensariam os outros animais sobre isso, caso eles pudessem pensar.

O momento dos fogos de artifício é uma pausa no vídeo e uma corrida pra janela. São luzes apagadas.

Em quantas outras casas outros casais ou famílias também não se juntaram silenciosamente para ver o show de virtuose? Por 5 minutos uma cidade se uniu. Silenciou. Deslumbrou-se.

Fogos de artifícios trazem energias boas! Nunca vi alguém triste soltar um rojão. De certa forma eles explodem alegrias :)

É isso. Um BOOM pro inventor dos Fogos!!!