Não quero mais a neutralidade. Quero assumir minha realidade e me expor e vencer o medo de errar que bloqueia o movimento e a criação. Quero pecar por excesso.

Esse blog é isso. Um exercício de Libertação.








domingo, 9 de outubro de 2011

Um passeio no mercado de domingo de Nice

A rua que na noite anterior dava lugar à milhares de restaurantes com mesinhas na calçada é, domingo de manhã, palco de um mercado delicioso de frutas, temperos e flores.

Chegamos e logo de entrada nos deparamos com uma multidão que se amontoava em torno de um carrinho de flores. O que será? Como todo bom curioso, nos enfiamos no meio do povo desesperado e avistamos um pessoal vestido com roupas típicas que estava distribuindo flores. Até hoje não sabemos bem o motivo, mas que bonito! Que gesto generoso! Como o homem, nesse caso as mulheres, são sensíveis e delicadas!!! Todas desejam loucamente ganhar uma flor. Desejam tão desesperadamente, que para conseguí-la, jogam-se no mar de cotoveladas, unhadas e puxões de cabelo sem medo de voltarem feridas. O importante, no final das contas, é possuir e cheirar essa pequena obra-prima da natureza. De graça! Ai que romântico! Para algumas a experiência é tão encantadora, que necessitadas de mais e mais, deixam sua já conquistada flor com o marido, vestem novamente seus capacetes e adentram corajosas na massa humana, lutando contra outras insaciáveis amazonas pelo segundo exemplar. Terceiro. Quarto. Não importa. É de graça!

Conquistado o meu cravo amarelo, pudemos continuar nosso passeio pelo mercado. Não sem antes nos depararmos com umas mulheres vestidas de jardim que circulavam em volta do caos. Seria uma alucinação causada pelo sol quente da manhã de domingo ou pela exaustão da guerra das flores? Não. Era real: no mercado de Nice circulava uma flora ambulante. O Tato tirou fotos para provar.

Depois de tantas emoções, é natural que se sinta um pouco de fome. E nada melhor do que matá-la com as famosas uvas da Provença. Brancas ou vermelhas, não importa. O importante é provar. E se não tiver onde lavar, faz um pai nosso e come assim mesmo! Quer coisa mais chique que bactérias e micróbios franceses?

O Tato deixou de lado essa experiência de degustar a natureza selvagemmente e optou por experimentar a famosa Socca, uma espécie de crepe/panqueca salgada feita de farinha de grão de bico, sal, água e óleo de oliva. Criou coragem e entrou na fila quilométrica para obter seu tão desejado pedacinho. Como a Socca é assada no forno a lenha e deve ser comida quentinha, é trazida a cada 10 minutos para o mercado por um homem de motinha. Que coisa mais emocionante! Cada Socca dava pra uns 3 ou 4 clientes, o que criava a maior expectativa na esfomeada clientela. Toda vez que a motinha virava o quarteirão era o maior alvoroço. Ai de quem furasse a fila. Enquanto o tio colocava a assadeira com aquela rodela amarela gigante em cima do latão quente de carvão, a tia que a servia, mais italiana que francesa, gesticulava nervosa e botava aos gritos ordem na fila inquieta. Triste era o momento em que se percebia ter ficado para a próxima rodada. Um verdadeiro Socca no estômago! O tio da motinha, no entanto, sempre voltava para alegria geral da Nação. Imagino que depois do papai Noel, ele deve ser um dos homens mais esperados do mundo. E a espera valeu a pena!!! Que delícia!

Saciados e satisfeitos ainda compramos um azeite caseiro (a região também é famosa por suas oliveiras) e deixamos o local para subir a colina do Chateau, de onde se tem uma vista linda de toda a praia. Hora de queimar as calorias francesas acumuladas no mercado!


sexta-feira, 7 de outubro de 2011

domingo, 25 de setembro de 2011

Onde fica o Brasil?

Toda dia quando eu vou buscar as crianças na escolinha, deixo minha bicicleta parada do lado da igreja e ando o resto do caminho a pé.

Outro dia, passando por lá para voltar para casa, a Mariette perguntou: - É aqui que é o Brasil?

E eu, sem entender nada: - Não, porquê?

- Ué porque você disse que mora no Brasil e sua bicicleta está sempre ali.

-Não Mariette, ali é casa de Deus. Eu moro num apartamento do outro lado da cidade, que não é nem na igreja e nem no Brasil.

-Mas então em que direção fica o Brasil?

-Eu não sei direito. Mas é beeeeem longe. Você tem que pegar avião pra chegar lá.

A pequena ficou pensativa o resto do caminho. Quando estávamos quase chegando na sua casa, ela apontou um morro no horizonte cheio de casinhas (provavelmente a maior distância concebível para os seus 4 anos) e perguntou:

-E lá? É lá que é o Brasil?

Eu comecei a dar risada. Como explicar que um oceano ou 12 horas de vôo nos separam? Isso é muito grande pra sua cabecinha. Então eu disse:

-Quase. O Brasil fica logo atrás daquele morro.

Voltando no fim da tarde pra casa, avistei novamente o Brasilien da Mariette e dei um longo suspiro: Bem que ela podia ter razão!

Musical Cabaret

Fui assistir com uma amiga! Foi muuuuito legal poder ver ao vivo o filme que eu já conhecia. A personagem principal tem uma voz de doer de linda. Abaixo ela e uma das músicas mais bonitas do espetáculo:


quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A história do Bule de London

Em Julho tivemos a oportunidade de voltar para a terra dos Gentlemen com a Irmes e a Mari.

Desde a outra vez que fui pra lá fiquei encucada com a idéia de fazer um chá de London com torradas e biscoitos amanteigados aqui em casa. Mas com os vai-e-véns da vida nunca tive tempo de promover o evento (detalhe: os convidados seriam só eu e o Tato mesmo.... hahaha).

Mas... voltemos à London e seu Ben nem tao Big assim. Durante nosso delicioso passeio pelas avenidas gigantes entramos em uma lojona de souvenirs no mundo iluminado do Picadilly Circus. E foi aí que aconteceu. Foi aí que O avistei. E me apaixonei. O Bule!!!! Com letra maiúscula. Perfeito para o meu tão idealizado chá. Eu PRECISO TER esse Bule, pensava vidrada durante meu surto consumista.

Como convencer, no entanto, meus companheiros viajantes de que eu, Jaquelina que nunca toma café nem promove chás, precisava de um Bule?

A idéia ficou remoendo na minha cabeça. Não comprei na hora. Na verdade eu também estava com um pouco de vergonha porque meu Bule não é nada tradicional. Eu precisava de coragem para me dar um presente daqueles. Como permitir a si mesmo comprar um negócio que nem é tão útil assim? Ainda mais eu, fajutinha, que só compro sem culpa quando as coisas estão em promoção. Infelizmente o preço do meu sonho de consumo passava longe de uma delas. Será que eu devia desistir? Mas esse bule, aliás, Bule.... ele é como eu! Nós fomos feitos um para o outro!!!

Resolvi dormir com o dilema. E, para minha alegria, no dia seguinte... recebi o SINAL!!! Depois de brigar por um espacinho na multidão para assistir a troca da guarda na frente do Palácio de Buckingham, fomos parar numa balada no jardim do palácio do Charles. Na entrada, após passarmos por um super-sistema de segurança igual de aeroporto, recebemos uma sacolinha de brinde. E adivinha o que tinha lá dentrooooo? Além de um leque japonês chiquérrimo, tinha uma caixinha chiquérrima com pedrinhas chiquérrimas de um chá verde chiquérrimo. Era o SINAL!!!!

Não hesitei mais. Avisei que naquela tarde tinha negócios pendentes a resolver na lojona de souvenirs. Quem quisesse poderia ir junto. Expliquei. Ninguém entendeu direito, mas tb não me recriminou. Eu estava tão decidida e segura de mim que minha compra quase soou razoável!

No dia seguinte voei para casa não cabendo em mim de felicidade! Trazia um tesouro na mala. Todos estavam convidados na mesma tarde para o meu chá de London! Seria muito melhor do que havia sonhado: TRÊS convidados, chá londrês e bule londrês. Só precisava passar no supermercado buscar os biscoitos e seria uma tarde inesquecível! Pedi ainda que todos usassem chapéus iguais das Madames no casamento do William e me encontrassem às 17:00 na cozinha.

Desfiz a mala. O Bule tinha sobrevivido intacto à viagem. Ufa!!! Fui lavá-lo com todo o cuidado do mundo para sua estreia logo mais.

Foi quando o mundo desabou.

Enchi de água e a água não saia. Como pode? Pensava. Deve ser alguma travinha de segurança, algum isopor de proteção. Enfiei a mão dentro do mardito e constatei o inconstatável, inadmissível, incompreensível: ele não tem buraco.

SIM meus amigos. O Bule ou veio com defeito ou é apenas um objeto decorativo.

Marinarva, Irmes e Tato quase morreram de rir da minha tragédia.

Eu decidi não arriscar um furo com furadeira. Poderia ser fatal. Pior do que Bule sem furo é Bule em milhões de pedacinhos.

O Chá foi cancelado por motivo de força maior.

E desde então.... observo o tal diariamente no parapeito da minha janela junto com minhas várias souvernirs de viagens.

Pelo menos uma história pra contar J Quem é que nunca viajou e voltou com lembrancinhas inusitadas? Por exemplo, um rolo de papel higiênico com estampa de notas de euros ou uma foca de pelúcia branca da lojinha de 1 Euro? huhuhuhu



domingo, 11 de setembro de 2011

Função da arte

Penso que a arte é o nível mais alto a que pode chegar a expressão humana. E o seu principal objetivo é transformar a vida. A arte é sempre profundamente relacionada com a vida e a morte, a alma e o corpo. Algumas vezes é impossível ao pensamento lógico compreender isso. A arte tenta desvendar o mistério de viver e morrer.

Trechinho da entrevista com o dançarino de Butoh Kazuo Ohno (novamente li no site do Mallet: www.grupotempo.com.br)!

sábado, 3 de setembro de 2011

O Manoel de Barros é genial!!!

Soberania

Naquele dia, no meio do jantar, eu contei que
tentara pegar na bunda do vento — mas o rabo
do vento escorregava muito e eu não consegui
pegar. Eu teria sete anos. A mãe fez um sorriso
carinhoso para mim e não disse nada. Meus irmãos
deram gaitadas me gozando. O pai ficou preocupado
e disse que eu tivera um vareio da imaginação.
Mas que esses vareios acabariam com os estudos.
E me mandou estudar em livros. Eu vim. E logo li
alguns tomos havidos na biblioteca do Colégio.
E dei de estudar pra frente. Aprendi a teoria
das idéias e da razão pura. Especulei filósofos
e até cheguei aos eruditos. Aos homens de grande
saber. Achei que os eruditos nas suas altas
abstrações se esqueciam das coisas simples da
terra. Foi aí que encontrei Einstein (ele mesmo
— o Alberto Einstein). Que me ensinou esta frase:
A imaginação é mais importante do que o saber.
Fiquei alcandorado! E fiz uma brincadeira. Botei
um pouco de inocência na erudição. Deu certo. Meu
olho começou a ver de novo as pobres coisas do
chão mijadas de orvalho. E vi as borboletas. E
meditei sobre as borboletas. Vi que elas dominam
o mais leve sem precisar de ter motor nenhum no
corpo. (Essa engenharia de Deus!) E vi que elas
podem pousar nas flores e nas pedras sem magoar as próprias asas. E vi que o homem não tem soberania nem pra ser um bentevi.


Léon Bloy

Será necessário toda a eternidade para admirar a absoluta indizível beleza das coisas que não somos nós mesmos a fazer.


Roubei do blog do Mallet.

Um BOOM pro inventor dos Fogos!

Você já parou pra pensar sobre os fogos de artifício? Porque para ver eu tenho certeza que sim.

Ontem, da nossa sala, assistimos a queima de fogos da festa da cidade. Nossa sexta-feira preguiçosa de pijamas foi repentinamente invadida por esse momento mágico que chegou pela fresta aberta da janela. Depois escancarada.

Que bonito que é isso! Que metido que é o homem. Ele criou uma explosão de cores brilhantes só para o deleite de seus olhos. Uma explosão de segundos sem nenhuma outra função que o prazer de contemplar. Celebrar. Um BOOM por um Ahhh! Um BOOM por um óóó! Um BOOM por um uuuuhhh!!! Uma explosão generosa porque até quem não pagou pode ver sem ser bicão.

Fico pensando o que pensariam os outros animais sobre isso, caso eles pudessem pensar.

O momento dos fogos de artifício é uma pausa no vídeo e uma corrida pra janela. São luzes apagadas.

Em quantas outras casas outros casais ou famílias também não se juntaram silenciosamente para ver o show de virtuose? Por 5 minutos uma cidade se uniu. Silenciou. Deslumbrou-se.

Fogos de artifícios trazem energias boas! Nunca vi alguém triste soltar um rojão. De certa forma eles explodem alegrias :)

É isso. Um BOOM pro inventor dos Fogos!!!

sábado, 27 de agosto de 2011

Crônicas e borboletas ou vagalumes

Estou adorando ler crônicas.

Meu atual: "As cem melhores crônicas brasileiras" seleção de Joaquim Ferreira dos Santos.

Pessoais e descompromissadas me transportam para as mais diferentes situações de um cotidiano sensível. Cheio das sutilezas e do bom humor.

Gosto tanto que também sinto vontade de escrever.

Na verdade, os posts dos blogs nada mais são do que crônicas com menor qualidade literária.

Então eu já as escrevo?

A questão é que eu queria fazer como eles: compor linhas que fizessem bem pras outras pessoas. Linhas saborosas. Gostosinhas. Deleitáveis. Juro que não precisava ser uma obra-prima da Linguagem. Mas tinham de ser um miniminho boas. E aí quando desce o senso crítico, meu bem, nada sai.

A vontade tá aqui. O tema também tá aqui, eu consigo senti-lo, mas não sei por que não consigo capturá-lo. Como uma borboleta que fica voando dentro de mim e não há meio de tocar com as mãos, ou melhor, com as palavras. O cérebro é muito quadrado pra borboleta. Talvez ela tenha medo de virar palavra e não poder mais voar porque a forma a prendeu. Eu, no entanto, insisto nessa caça. Porque é gostoso ler uma coisa que toque. Se eles não escrevessem, muito ficaria para sempre nas concavidades abstratas de seus autores, no paraíso das borboletas. E não haveria literatura. A arte de combinar palavras. Esse tricô alfabético sintético poético.

Ahhhhhhhhhhhh entendi!!! Quando se consegue capturar a borboleta com a palavra certa, ela não se fere e continua batendo asas. E não só isso... os outros, que a leram, voam também.


E isso tudo é um tremendo de um assunto batido. Será que se eu dissesse joaninhas em vez de borboletas pareceria um pouco mais original? Ou ainda mais criativo... um inseto nada citado... uma ... uma... Maria fedida não dá porque o sobrenome é muito depreciativo... um... um besouro... um vagalume. UM VAGALUME! uuuu Vagalume é bom! Vagalume é luminoso como as idéias! Fica então vagalume no lugar de borboletas!!!

Problema criativo resolvido. huhuhuhuh

O tema? Os grandes temas são sempre os mesmos.

Fuiiii!!!

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Bonito

Sobre todos aqueles que continuam tentando, Deus, derrama teu Sol mais luminoso.


Crônica Zero Grau de Libra de Caio Fernando Abreu

sábado, 13 de agosto de 2011

Emocionante! Pavarotti cantando Vesti la Giubba

Faz parte da ópera Pagliacci de Ruggero Leoncavallo. Trata da tragédia de um marido ciumento e chefe de uma trupe de commedia dell'arte. A peça da trupe se confunde com a realidade ficcional. O marido traído faz o papel de palhaço no espetáculo. Traição se dá nos 2 planos.




Atuar! Enquanto estou preso pelo delírio
não sei mais o que digo e o que faço!
Embora... seja preciso que... se esforce!
Bah, por acaso és um homem?

Tu és Palhaço

Vista a fantasia e pinte a cara
As pessoas pagam,e querem rir.

E se Arlequim te rouba a Colombina
Ria, Palhaço, e todos aplaudirão!
Transformas em pantomimas o riso e o pranto;
Em uma metamorfose o soluço e a dor...

Ria, Palhaço, Sobre o teu amor destroçado,
Ria da dor que te envenena o coração!

Adoro! Maria Callas cantando Habanera

domingo, 7 de agosto de 2011

Manoel de Barros

Frase que grudou em mim:

As coisas não querem ser vistas por pessoas razoáveis.

Elas desejam ser olhadas de azul.

domingo, 10 de julho de 2011

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Manoel de Barros

O Olho vê

A lembrança revê

E a imaginação transvê


É preciso transver o mundo

domingo, 19 de junho de 2011

Mais Dom Quixote

Primeiro uma observação: Cervantes sempre coloca títulos nos seus capítulos de forma a sabermos do que este tratará. Acontece que são tantos capítulos e situações que, às vezes, ele dá uma resumida no tema e fica engraçadíssimo. Por ex:

CAP IX

Onde se conta o que nele se verá

Hahaha Não é demais?

E abaixo segue mais um trecho engraçadíssimo de Sancho em um capítulo com título não menos interessante. Contexto: Sancho narra ao Duque, Duquesa e convidados um conto:

CAP XXI

Que trata de muitas e grandes coisas

Sancho: - (...) O conto que quero narrar é este: Convidou um fidalgo de minha aldeia, muito rico e principal porque descendia dos Álamos de Medina Del Campo, que se casou com Dona Mência de Quinõnes, que era filha de Dom Alonso de Maranhão, cavaleiro do hábito de Santiago, que se afogou no porto da Ferradura, e por causa de quem houve aquela pendência, há anos, em nosso lugar, na qual, se bem me lembro, andou envolvido meu senhor Dom Quixote e da qual saiu ferido Tomasito, o Travesso, filho de Barbastro, o Ferreiro. Não é verdade tudo isso senhor nosso amo? Diga-o, por sua vida, para que estes senhores não me tenham por falador mentiroso.

-Até agora - disse o eclesiástico- ter-vos-ia mais por falador que por mentiroso; mas, daqui por diante, não sei em que conta vos terei.

- Dá tantos testemunhos, Sancho, e tantos indícios, que não posso deixar de concordar em que deves dizer a verdade. Passa adiante e encurta o conto, porque estás com jeito de não acabar em dois dias.

- Não o há de encurtar- observou a duquesa- para me fazer prazer, antes, há de contá-lo da maneira porque o sabe, ainda que não termine em seis dias. Se tantos forem, seriam para mim os melhores de minha vida.

-Digo, pois, senhores meus - prosseguiu Sancho- que esse tal fidalgo, que conheço como a planta de minhas mãos, porque de minha casa à sua não vai um tiro de besta, convidou um lavrador pobre, mas honrado...

- Adiante, irmão- interrompeu nesse ponto o religioso-, que levais caminho de não parar com vosso conto até o outro mundo.

- A menos de meio caminho pararei, se Deus for servido- respondeu Sancho. - Assim, digo que chegando tal lavrador à casa do dito fidalgo convidante, que sua alma tenha bom pouso, pois já morreu, e por sinal dizem que teve morte de um anjo, embora eu não me achasse presente, pois havia ido, naquela ocasião, para a ceifa em Tembleque...

- Por vossa vida, filho, volvei depressa de Tembleque, e, sem enterrar o fidalgo, se não querei fazer mais exéquias, acabai vosso conto.

- Aconteceu, pois - replicou Sancho-, que, estando os dois para sentar-se à mesa, e parece que agora os vejo mais do que nunca...

Grande satisfação experimentavam os duques com o desgosto que o religioso mostrava ante a dilação e as pausas com que Sancho narrava seu conto. Dom Quixote consumia-se em cólera e raiva.

-Digo, pois - continuou Sancho-, que, estando os dois, como já disse, para sentar-se à mesa, o lavrador porfiava com o fidalgo para que se colocasse à cabeceira e o fidalgo porfiava também que para que o lavrador a tomasse, porque em sua casa se havia de fazer o que ele mandasse. O lavrador, porém, que se presumia de cortês e bem-criado, não o quis fazer, até que o fidalgo, amofinado, pondo-lhe ambas as mãos sobre os ombros, assentou-o à força, dizendo: "Sentai-vos, palerma; onde quer que eu me sente, será aí a cabeceira. Esse é o conto e em verdade creio que foi trazido aqui fora de propósito.

Trecho delicioso de Dom Quixote

Livro 2- Cap XXXVIII

Onde se conta a conta que deu de sua má andança a Dama Dolorida

-Confiada estou, senhor poderosíssimo, formosíssima senhora e discretíssimos circunstantes, em que a minha amarguríssima há de encontrar em vossos valorosíssimos peitos acolhimento não menos plácido que generoso e doloroso. Ela é tal que basta para enternecer os mármores, abrandar os diamantes e molificar os aços dos mais endurecidos corações do mundo. Antes, porém, que chegue à praça de vossos ouvidos, para não dizer orelhas, quisera fizessem-me saber se está neste grêmio, grupo e companhia o acendradíssimo cavaleiro Dom Quixote de La Manchíssima e seu escuderíssimo Pança.

- O Pança- disse Sancho antes que outro respondesse – aqui está, e igualmente o Dom Quixotíssimo. Podeis, assim, doloridíssima damíssima, dizer o que quiserdíssimes, pois estamos todos prontos e aparelhadíssimos para ser vossos servidoríssimos.


O Sancho é demais! Só fala bobagem :))

Dom Quixote

Ou... o cavaleiro da triste figura
Ou... o cavaleiro dos leões

Infelizmente não sei de quem é a figura, pois no google não tem L Achei a imagem genial!

O que é o que é

Por que o Pinheiro não se perdeu na floresta?

.

.

.

Porque ele tinha uma-pinha!

hahahahahahaha

ha

adooooro!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Cartaz da escola de clown e dancinha

Alguém sabe kde eu???

Essa dancinha nós estamos ensaiando para abertura do nosso espetáculo em julho. Uma homenagem ao Gordo e Magro:

Estudando Clown


Essa é a Gardi Hutter, uma das clowns mais famosas dos últimos tempos e que terei o prazer de assistir em agosto. Para ver o vídeo com melhor qualidade conferir na própria Homepage dela:
http://www.gardihutter.com/




domingo, 8 de maio de 2011

Sprizzerol


Quer maior prova de que o verão está cada vez mais próximo?

TODAS as pessoas da Europa tomam a bebida laranja nas mesinhas ao ar livre dos cafés.

Bom... bom não é. Mas o negócio tem o mesmo efeito do colorido da flor pro inseto ou daquelas luzes fosforescentes que matam mosquito: a cor é tão especial-radiotiva-hipnotizante que não tem como não tomar.

Balanço Geraldo!!!

Sim! Eu estou no jornal da Alemanha!

Sim! Isso é bom pro meu currículo.

Sim! É uma experiência muito interessante o meu contato com o teatro daqui... importante pra eu perceber os meus verdadeiros valores.

Com minha última peça eu comprovei que teatro sem coletivo não tem graça. Aprendi que teatro sem aquecimento não tem graça. Que teatro sem suor e um pouco de sangue não tem graça. Que teatro sem alegria não tem o menor sentido!

Pq eu estou aqui? Pq eles estão aqui? O negócio dá um trabalho danado e se não for por prazer pq estamos fazendo isso? Seria melhor ficar em casa bebendo uma cerveja.

Sinto falta do olho no olho e das mão dadas. Sinto falta do "vamos fazer isso juntos"!!!

Aprendi a ser mais eficiente e objetiva.

Aprendi a fazer minha parte sozinha mesmo acompanhada de mais 24.

Aprendi que os aplausos não fazem diferença no final quando a peça não me pertence.

Conheci um autor muito bom e uma texto muuuito legal.

Fiz alguns colegas! Fiz manchas roxas no joelho! Fiz meu alemão melhorar! Fiz exercícios de paciência e de humildade! Ri e fiz pessoas rirem. Fiz minha bagagem engordar e minha saudade de ser Geralda aumentar!


Agora estou treinando essa auto-censura de não publicar esse post pq ele destruirá a imagem da atriz bem sucedida no exterior. Mas quem olhar bem, vai perceber que esse post é positivo! Eu não estou reclamando. Eu estou exaltando aquilo que eu quero pro meu teatro. É uma questão de ponto de vista. Valeu muito a pena!

Quanto ao título era pra ser balanço geral, mas qdo vi tinha escrito assim! Aí ficou :)

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Em boca fechada não entra mosquito

E me acontece que nessa época do ano eu engulo um mosquitinho por dia, quando volto do trabalho de bicicleta no fim da tarde. Já estou até acostumada. Não pode querer tossir que dá vontade de vomitar e se sente as perninhas do bicho. O esquema é juntar bastante saliva e mandar o infeliz pra baixo de uma vez, como um comprimido amargo de asinhas.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Flamenco, Belíssimo!!!

Tive a sorte de poder assistir um show de Flamenco em Barcelona. E fiquei apaixonada! Nao sei se era um autêntico show ou se tinha muito do clima "para turista ver", já que o Flamenco é tradicional da região de Andaluzia e não da Catalônia. Mas o que importa se era o verdadeiro ou não, se fiquei tão encantada e contagiada com o que assisti? Por acaso só se pode sambar de verdade na Bahia? O rítmo pega, o negócio é vivo, o bailarino sua, os cantores "choram". É uma dança com recheio, sabe?

Sentamos na primeira fileira grudada no palquinho e eu não consegui piscar os olhos até o final. Pena que era proibido filmar. No entanto, achei no youtube vários videos dessa mesma casa de show que fui: Tablao Cordobes! E apesar de não ter comparação com a experiência ao vivo e a cores, segue abaixo um deles:



domingo, 3 de abril de 2011

Guimarães Rosa

"E assim se passaram pelo menos seis ou seis meses e meio, direitinho deste jeito, sem tirar nem pôr, sem mentira nenhuma, porque esta aqui é uma estória inventada, e não é um caso acontecido, não senhor."

Agora umas pérolas do conto "O marido pródigo":

"P'ra uns, as vacas morrem ... p'ra outros até boi pega a parir."

"Só o que não volta é dinheiro queimado."

"Sou lá besta de por a mão em lagarta cabeluda??"

"Imagina só: eu agora estava com vontade de cigarrear... Sem aluir daqui, sem nem abrir os olhos direito, eu esticava o braço, acendia o meu cigarro lá no sol... e depois ainda virava o sol de trás p'ra diante, p'ra fazer de noite e a gente poder dormir... Só assim é que valia a pena."


Vitamina D!!!

Ninguém sabe a alegria que eu sinto de poder passar um dia todinho com as janelas escancaradas e à noite dormir sem ligar aquecedores.
A primavera!!!!! Abril!!! Sol!!!
A Alemanha acordou de seu longo período de hibernação. Os alemães saem de suas tocas e eu escuto passarinhos, pessoas passando na rua, risadas!!!!
Eu posso ouvir o mundo!!! E isso não é uma metafora, é concreto: as janelas daqui são muito espessas por causa do frio do inverno e, quando fechadas, dificilmente se escuta o que acontece lá fora. São grandes bolas de cera entupidoras de ouvido. Bom pra dormir. Triste pq isola. Foi assim que um dia eu percebi que sentia falta da chuva do Brasil. Chuva que se ouve!
Enfrentamos uma fila quilométrica para tomar o melhor sorvete de pistache do tipo italiano :) Todo mundo teve a mesma idéia.
Hoje em Freising não teve ninguém que não saiu de casa!

segunda-feira, 28 de março de 2011

Aviso técnico

Configuração do Blog
Só para constar... Meu computador decidiu que eu não posso mais usar a letra grande. Já tentei de tudo e toda vez ele coloca como quer! Então ... EU ME RENDO!
O design é detalhe... o sabor tá mesmo é no recheio :)))

Guimarães- Sagarana

Uma frase q saltou da página de tão boa que é:

Para ser um dia de chuva, só faltava é que caísse água.


rsrsrsrsrs Boa né???


O rei dos Elfos (Erlkönig)

Estou ajudando uma amiga minha a ensaiar para uma prova de aptidão de uma escola de teatro de Munique e eis que ela me recita o poema abaixo (em alemão). Achei cênico, bonito e trágico. Então segue um pouco de Goethe, agora em português :)

O rei dos Elfos

Quem cavalga tão depressa através da noite e do vento?
O cavaleiro é um pai com o seu filho;
Leva o menino bem abraçado,
Segura-o com firmeza, mantendo-o agasalhado.
Meu filho, porque escondes tanto essa carinha?
Não vês tu, papai, o Rei dos Elfos,
com a coroa e o manto?
Meu filho, é apenas uma réstia de névoa.

Meu querido menino, vem comigo! Ah, vem comigo! Vens?
Brincarei contigo jogos bem divertidos;
Na margem tem muitas flores coloridas,
Minha mãe tem para ti muitos vestidos dourados.
Papai, Papai, tu não ouves
o que o Rei dos Elfos me promete baixinho?
Sossega, meu filho, fica sossegado:
É o vento que murmura nas folhas secas.

Queres vir comigo, meu bom rapaz?
Tenho filhas que tomarão bem conta de ti,
As minhas filhas conduzem as danças noturnas,
E assim te embalarão, a dançar e a cantar.
Papai, Papai, não vês
as filhas do Rei dos Elfos além, na escuridão?
Meu filho, meu filho, o que em torno se passa
É o brilho pardo dos salgueiros velhos.

Gosto de ti, dessa linda figura,
E se não vieres a bem, levo-te à força.
Papai, Papai, o Rei prendeu-me agora!
Ai! Quanto me magoou o Rei dos Elfos!
O pai assusta-se, cavalga velozmente,
Segura nos braços o filho que geme,
Chega a sua casa, cansado e apressado.
Nos seus braços vai já morto o menino.

Goethe

sábado, 26 de março de 2011

sexta-feira, 11 de março de 2011

Curiosidades de Edimburgo

Number 1: TODO MUNDO que for pra lá, TEM que comer essa sobremesa chamada Treacle Tart. Juro que quando pedi nem estava muito animada e foi por acaso que provei a melhor sobremesa da minha vida. Uma torta bem quente, de caramelo (syrup), acompanhada por um bola de creme. Aconselho aos viajantes a do Restaurante The Beehive Inn no Grassmarket. Depois que voltamos, navegando pela net, o Tato descobriu que essa tal tortinha é super famosa e a sobremesa preferida do, nada mais nada menos que, Harry Potter!

Number2: Conhecemos o Bobby. Uma das personalidades mais famosas de Edinburgo. Nosso guia pirata do Free Tour contou a história dele no cemitério que ficava bem atrás do nosso Hostel. Bobby era um cachorrinho fiel que continuou visitando o túmulo do seu dono diariamente por 14 anos, até que morreu. Fizesse chuva ou sol, frio ou calor, quando se abriam os portões do cemitério, lá estava ele. Passava o dia todo guardando o túmulo e só partia ao anoitecer. Passou a ser conhecido na cidade e vivia da comida que as pessoas lhe davam.

Em 1867, quando foi dito que cachorro sem dono deveria ser sacrificado, numa época em que Edimburgo proibia cães sem registro, Sir William Chambers, importante autoridade de Edimburgo e também diretor de uma sociedade contra a crueldade em animais, pagou pela renovação da licença de Bobby, colocando-o sob responsabilidade da Câmara Municipal.

Como é proibido enterrar cachorros em território sagrado do cemitério, Bobby foi enterrado do outro lado da rua, bem em frente à sua entrada. Em sua homenagem, foi erguido um monolito de granito vermelho no cemitério e uma fonte com estátua no lugar onde jazem seus ossinhos caninos. A estátua originalmente estava voltada para o cemitério, mas foi virada (por alguém do pub logo atrás dela) para que quando fossem tiradas fotografias, ele aparecesse em segundo plano.

No monolito está escrito: Greyfriars Bobby - morreu em 14 de Janeiro de 1872, aos dezesseis anos - Que sua lealdade e devoção sirvam de lição a nós todos.

Tudo que está em itálico, copiei do Wikipédia J

Agora vem o engraçado: junto ao monolito as pessoas custavam deixar vários presentinhos pra ele. No dia que fomos tinha um bicho de pelúcia, umas flores e um adesivo do Bob Esponja. rsrsrrs

Nosso guia contou que um amigo dele, tb guia, achou um dia uma cartinha de uma menina alemã, que dizia: Bobby como vc já passou muitos anos aqui, agora é hora de passear e conhecer o mundo. Quero convidá-lo para ir na Oktoberfest. Rsrsrsrrsrs

Number3: Preciso explicar o Haggis, prato mais tradicional da culinária escocesa a base de míudos de carneiro.

Pega-se o estômago do bicho e, depois de lavá-lo bem, vira-o no avesso. Recheia-se então com as vísceras da ovelha (intestinos, coração, fígado, pulmões, etc) e ervas finas. Após cozinhar por algum tempo, retira-se essa gororoba parecida com uma carne moída de dentro do “saquinho” (para não assustar o cliente) e serve-se com um purezinho de batatas. Hummm!!!

Apesar do meu tom nojentinho, confesso que não achei ruim não. O Tato, não preciso nem dizer que adorou né?


quinta-feira, 10 de março de 2011

terça-feira, 8 de março de 2011

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Quando neva faz silêncio na Moosstrasse

O carnaval alemão

Aqui na Alemanha o carnaval é chamado de Fasching e acontece na mesma época que o do Brasil, com a diferença que tudo continua funcionando, pois não é feriado.
Na verdade eu ainda não entendi direito como é que os alemães comemoram. Ano passado, em um dia específico à tarde, as pessoas saíram pela rua principal do comércio “meio” fantasiadas (perucas, óculos malucos, plumas, tec...) e só. O mais engraçado é que não era um desfile, nem música na rua tinha. Todos agiam normalmente como se nada de novo estivesse acontecendo. Uma mulher alemã de cabelos cor-de-rosa foi na padaria alemã , comprou um pão alemão e voltou pra casa. E esse foi seu divertido carnaval. Ai ai ai.

Eu e o Tato saímos um dia a noite para procurar algum tipo de festança e a única coisa que encontramos foi uma festa de salão, onde dançava um grupo meio deprimente e várias crianças felizes corriam para todos os lados, ansiosas pelo concurso de melhor fantasia. Veja uma foto do grupo na capa da revista do mês da cidade. Hauhauhauhauha

Ai, será que estou sendo muito venenosa?

Eu sei que em Köln (Colônia) rola um carnaval legal com desfile de rua. Mais animado sem dúvida, mas não vá imaginando que se compara aos nossos desfiles. Primeiro pq aqui é inverno e depois pq... pq aqui é Alemanha oras bolas.

Uma tradição dessa época são os bolinhos chamados Krapfen. No Brasil eu diria que se aproximam de um sonho recheado. Naturalmente que os daqui são muito mais gostosos, pq se existe uma coisa que o povo alemão entende é de padaria e suas delícias. Joguei no google para entender pq esses bolinhos só se come no Fasching e descobri que isso vem de muuuuitos anos atrás, quando o jejum após o carnaval era levado bem a sério. As pessoas aproveitavam o período de festa pra dar uma fortificada na sua reserva de gordurinha antes de entrar no período de abstinência. E convenhamos que o Krapfen é perfeito para isso, já que esse bolinho é frito na gordura e possui um bom tanto de calorias.

Acho interessante essa relação que existe aqui entre as festas do ano e certas comidinhas típicas que só se encontra nesse período. Parece que a coisa se torna especial por não ser acessível o ano todo. São como as estações . Aqui se vive de verdade cada uma delas, pq são completamente distintas e definidas. No Natal, por exemplo, não há quem não reserve um tempo para assar os biscoitinhos de formato divertido (Weihnachtsplätzen). Ou na Oktoberfest, quando todo mundo compra aquele bolo Lebkuchen em formato de coração.

Abaixo uma foto dos Krapfens.

Confesso que estou bem ansiosa para comer vários tipos!!!


sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Sobre meu novo espetáculo




A Visita da Velha Senhora

de Friedrich Dürrenmatt


Eu adorei a história. Lembro-me do filme Dogville. Dá até vontade de montar com os Geraldos no Brasil. O problema é que precisa-se de muuuuuita gente.

Abaixo segue um resumão do resumão para os curiosos e para meu registro.


O povo da cidade de Güllen, que está arruinada, espera ansioso e esperançoso pela visita de Claire, uma antiga moradora e hoje milionária. Eles veem nela uma possível salvação para a miséria em que se encontram.

A cidade se organiza para a chegada da senhora com um grande festa na estação de trem.

Ill (isso é um nome i L L), um dos cidadãos mais bem conceituados e amados da cidade, recebe a tarefa de pedir a ela dinheiro, já que ambos foram no passado amantes.

Infelizmente ela salta de um trem 2 horas antes do previsto e surpreende os moradores no meio da preparação.

Depois de uma improvisada e atrapalhada “Boas Vindas” e do discurso do Prefeito, Ill segue com sua tarefa.

A milionário revela então que doará 1 bilhão para a cidade.

O povo não se contém de alegria! Será o fim do sofrimento!

Ela interrompe a gritaria e diz que para isso só tem uma condição: Que ela possa com esse dinheiro comprar justiça! Ela exige a morte de Ill.

Silêncio. Ninguém entende a razão de uma proposta tão indecente.

O mordomo toma a palavra e esclarece o motivo de tanta fúria por parte de Claire: Ela foi muito injustiçada quando mocinha e partiu da cidade grávida, totalmente pobre, sozinha e sem moral perante Güllen. Acabou tornando-se prostituta. Tudo isso por culpa de Ill, que pagou 2 homens para deporem falsamente contra ela no tribunal. Claire foi vítima de um erro judiciário e agora clama por vingança. Ao se casar com um bilionário, ela encontrou condições para exercer seu plano, comprando no anonimato toda a cidade e levando-a a miséria extrema.

Os moradores se revoltam e recusam veementemente a proposta.

Claire não se afeta. O primeiro ato acaba com sua frase: Eu espero!

O restante da peça se desenvolve de forma que acompanhamos os cidadãos de Güllen deixando-se seduzir pelo dinheiro e suas facilidades. A recusa tão enérgica da proposta imoral começa a ser questionável.

Os habitantes aparecem cada dia com novos pertences, novos roupas , novos sapatos amarelos e Ill passa a se sentir ameaçado.

Já dá pra imaginar o fim da história não é?

Güllen volta a prosperar, Claire vai- se embora satisfeita e Ill, declara a Mídia, teve um ataque cardíaco de alegria ao saber que a milionária doaria um bilhão para sua tão amada terra.

O dinheiro venceu a moral. Será que eles serão capazes de viver felizes para sempre?


Estou animada para a montagem. Somos 25 atores e muitas malas que funcionam como elemento cênico coringa. Ora balcão da mercearia, ora banco da estação de trem, ora floresta, as malas compõe as cenas das formas mais variadas possíveis.

Serão 6 apresentações em Maio no teatro tradicional da cidade, desses com teto rococó, chamado Asaamsaal.

Fui conhecer o local semana passada. O mais legal é que tem no palco aquele buraco no chão por onde o ator pode sumir ou aparecer num toque de mágica. Nunca tinha visto um desses.

Uma musiquinha alemã divertida

Às vezes olho pedra e vejo pedra mesmo

Pois é Adélia Prado ... e o que fazemos para sair de um período de vácuo poético?

Acho que ando assistindo muito "Two and a half man".

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Os caminhos valem por si mesmos

Não há tempo perdido nem esforço inútil.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Privilégio

Só pra registrar que nós tivemos o privilégio de ver alguns grafites dos Gêmos em Lisboa J









Trecho do livro Almanaque do cinema

Um popular curta-metragem americano do séc. XIX acompanha duas garotas se despindo na beira de um lago. Quando elas estavam terminando de tirar a roupa, um trem atravessa a cena... Passa o último vagão, e as moças já estão submersas na água. Um senhor voltava tosa semana para ver o filme. Um dia, perguntaram-lhe o motivo do apego: “Um dia esse trem vai se atrasar.”, respondeu o espectador.