Não quero mais a neutralidade. Quero assumir minha realidade e me expor e vencer o medo de errar que bloqueia o movimento e a criação. Quero pecar por excesso.

Esse blog é isso. Um exercício de Libertação.








domingo, 30 de setembro de 2012

Vinhos e Tour pelas vinícolas de Provence

    Aqui na Alemanha eu e o Tato temos uma pequena tradição que amamos de paixão. Toda sexta-feira (quando temos compromissos passa a ser no sábado) tomamos um bom vinho e cozinhamos algo juntos. Se não cozinhamos, pelo menos comemos algo diferente. Tudo no aconchego do lar. É o nosso momento get together com muito blá blá e músicas do youtube.
    Influenciados pela última viagem, ontem foi a vez de tomar um Tempranillo espanhol de 2008. Para acompanhar o vinho (oposto do que na verdade se faz, porque geralmente o vinho é que acompanha o prato) comemos um fondue prático e gostosinho do Aldi (o supermercado da minha vida, uma das coisas que eu mais vou sentir falta daqui porque é barato e bom). É um queijo que, colocado pra assar, fica molinho por dentro. Aí corta-se a casca de cima e pronto!



    O vinho estava tão gostoso que eu decidi ler um pouco sobre isso na net e foi mega divertido.
    Procurei um site que me ajudasse a entender a diferença de um Syrah pra um Cabernet Sauvignon, por exemplo. Não achei. É difícil demais colocar em palavras o paladar. Mas acabei encontrando pérolas engraçadas como o Wikipédia descrevendo um Merlot:

O Vinho Merlot é encorpado, intensamente frutado, complexo, uma harmônica estrutura com perfeito equilíbrio. Apresenta uma cor vermelho-púrpura, seus aromas são densos e frutados, tendo uma boa evolução, deixando assim seu aroma com muita complexidade. O paladar é rico, macio, perfeitamente equilibrado, sedoso e de grande classe.

    Não sei por que, mas tenho a impressão de que toda descrição de vinho conta com as palavras encorpado e frutado rsrsrs.
   Uma curiosidade que aprendi ontem: Uma garrafa deve ser aberta cinco minutos antes de ser servida a fim de que sejam liberados vapores. Deixe também cair algumas gotas para que saiam possíveis resíduos de rolha e borra.
   Quanto mais se lê, mais se percebe como esse mundo dos vinhos é complexo (no sentido de elaborado), cheio dos nomes chics e dos costumes frinfronlés! O vinho é uma bebida tão fina que além da degustação exige uma interpretação. E nada melhor do que eu me aventurar a entender um pouquinho melhor sobre esse universo aqui na Europa, onde posso encher a cara de vinho do bão. No Aldi compramos um Merlot italiano para o dia-a-dia que custa só 1,99 e um branco africano pro verão por 2,79. Nas sextas-feiras investimos um pouco mais: de 5 a 10 euros e toma-se um vinho leeeegal. Não é genial? Quando que no Brasil isso seria possível?


    Aproveitando o tema, volto à outubro do ano passado e relembro nosso tour de vinhos em Marseille. Acho que esse foi um dos Highlights da nossa viagem à região do sul da França chamada Provence. 



    Compramos um tour particular pelas vinícolas da região. Tá aí um dinheiro bem investido! Era uma guia para nós e um casal de ingleses apenas. Ela nos levou até os melhores babados cerca de 30 minutos da cidade. Que romântico observar da janela do carro aqueles campos infinitos de uvas francesas! É gostoso sair do eixo turístico da cidade grande e sentir um pouco da vida do campo, com seu gostinho a mais de verdade.  




    Primeiro visitamos a vinícola chamada Chateau de Pibarnon. Caminhamos pelas salas do local, vimos os processos de fabricação do vinho e chegamos à etapa mais esperada: Degustação. Um dedinho no copo de cada um e começa a viagem dos tric trics. Primeiro você observa a cor. Depois cheira. Para isso meu amigo, enfie sem dó o nariz todo dentro da taça. Como se fosse mergulhar mesmo. Aí a guia perguntou o que sentíamos. Vixi. Eu não domino mesmo essa arte do olfato. Sentir já é duro, descrever então... Por isso vesti aquela cara amarela de quem está por dentro do assunto e só concordava com os outros (essa cara também é muito útil quando você conversa em outra Língua e não está entendendo nada). Momento de girar o copo várias vezes para o vinho oxigenar e liberar ainda mais seus perfumes. Cheirada número 2. Troca de adjetivos número 2 (forte, doce, um quê de tabaco). Finalmente, depois de muito ver e cheirar e dizer e raciocinar, chega o momento de saborear o manjar dos deuses com as células gustativas. Eu já estava aguada de vontade. Mas ainda não era o fim. Havia mais algumas etapas a serem seguidas. Primeiro um golinho e, sem engolir, dá-se uma bochechada, pega-se um pouquinho de ar e bochecha-se de novo. Ok ok. Quando finalmente, agoniada de desejo, concluí que era hora de engolir, não me vem a mulher com um potinho pra cuspir? Cê tá muito looooca moça! Olhei pra ela, olhei pro potinho, olhei pra ela de novo e mandei rápido goela abaixo tanto o vinho como a boa etiqueta. Sorri então com a maior cara de pau do mundo e fingi que o “tarde demais” foi involuntário! Huhuhu É que, geralmente, os especialistas fazem a degustação e cospem no final para não ficarem alcoolizados. Nós, no entanto, estávamos de férias. Além disso, uma bebida tão metida, elaborada, envelhecida não sei quantos anos jamais poderia ser desperdiçada assim. 




    Repetimos o processo várias vezes provando vinho rosè, vinho branco, tintos da mesma marca, mas de safras diferentes. No final eu já até sabia a coreografia sozinha. Olha aqui, gira ali, cheira lá, chacoalha, chacoalha e desce!  É o axé do vinho fino! Compramos um rosè, que é muito típico da região e partimos para a segunda visita.



    Dessa vez fomos a uma vinícola chamada Domaines Bunan. Visitamos os pés de uva e pudemos provar um pouquinho de cada. Que delícia! Estavam docinhas. Bom para o nosso paladar, porém maduras demais para a fabricação do vinho. A época da colheita já havia acabado (era começo de outubro). Aqui experimentamos mais uns 5 vinhos diferentes e eu precisei aderir também ao potinho cuspidor. Minha cabeça já estava pra lá de alegrinha! Compramos um vinho tinto que vamos deixar envelhecer e tomar só daqui uns 4 anos em alguma ocasião bem especial.





Aquele balde prata é o cuspidor!
    
    No fim do dia a guia nos deixou passear uns 45 minutos numa vila de pescadores chamada Cassis e voltamos para Marseille. Foi um tour muito legal! O link é esse, caso alguém um dia resolva fazê-lo:    http://www.provencewinetours.com
Optamos pelo de meio dia. 




    Fechemos o post com um momento Jaquelina: Um dia aqui em casa compramos um vinho tão perfumado, mas tããão perfumado que eu me empolguei e acabei inalando um pouco pelo nariz na hora da cheiradinha. Não foi muito legal, quase afoguei. Rsrsrs  

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Ahhh Flamenco, Flamenco, Flamenco!!!



    Desde a primeira vez que fui para a Espanha e assisti a um show de Flamenco em Barcelona, fiquei completamente apaixonada. E como toda paixão que não recebe a devida atenção, ela esfriou e ficou adormecida dentro de mim. Mas ficou.
    1 ano e meio depois, visitando a região espanhola da Andaluzia, o berço do Flamenco, encontrei-me mais uma vez com essa arte maravilhosa e fiquei completamente embriagada. Não é sem razão que em 2010 foi declarada como Patrimônio Imaterial da Humanidade. 


     
     Em Córdoba pudemos assistir a dois shows diferentes.
   O primeiro foi uma pequena apresentação no jantar de encerramento do Congresso do Tato, que contava com três músicos e uma bailarina. Um clima bem intimista. Sentei tão perto do palco que mais um passo à frente e tomaria pontapés da dançarina.    
   No primeiro grito da cantora ao microfone fiquei com os pêlos todos arrepiados e tive que fazer uma força descomunal para não cair aos prantos. Disse grito porque de fato aquela cantora maravilhosa gritava, chorava com a voz no microfone e essa avalanche vinda das entranhas das suas cordas vocais fazia migalhas com o coração da gente. Que dramático! Que sofrimento!  



    Vivi um momento catártico como há muito tempo eu não vivia. Além de tudo, o ambiente era perfeito com quadros de espanholas e toureiros em estilo Art Noveau nas paredes. Não sei nem dizer quanto tempo durou o show porque fui praticamente abduzida pelo ritmo dos saltos da jovem dançarina. Ela era tão intensa e verdadeira que, às vezes, até parecia a pomba gira possuída. Sua sinceridade e entrega me tocaram profundamente. Considero um privilégio ver um artista generoso no palco e se algumas vezes seus movimentos não eram lá dos mais elegantes, ela ganhava o público com seu sangue e suor. 
    Abaixo o nosso vídeo com um pouquinho da apresentação. Nos últimos segundos pode-se a ouvir a cantora. 




    O flamenco conquista pela sua força rítmica. Pela batida dos pés no chão. Pelas palmas. Pelas interjeições soltadas pelos músicos a fim de provocar o dançarino. É uma obra viva, uma comunicação constante entre aqueles que o fazem. Conquista por seus movimentos em negrito e bem pontuados. Nada é sutil. A cada frase uma explosão. Os bailarinos são eretos, movimentam-se com o peito aberto parecendo um pavão. Fica a sensação de que há um fio de linha puxando o pescoço para cima. É genial!



    E nada disso seria tão genial se não fosse recheado. Explico: não é uma dança forma pela forma, técnica pela técnica e, sim, movimento por sentimento. A forma traduz um estado interior de um sofrimento tão dolorido que dá vontade de sentir junto. Isso me remete também ao tango, outra dança que morro de vontade de aprender.



    Nem preciso dizer que sonho em usar um vestido daqueles de cores inverossímeis com estampas de bolas gigantes e uma flor brutal na cabeça. A estética é tão intensa, colorida, que chega a beirar o clownesco. E exatamente por esse conjunto de elementos ser tão assumidamente brega, dá-se um salto na poesia, atingindo o belo e o real. A Espanha é de uma beleza só dela, muito excêntrica. Dessa forma também compreendo o Almodóvar e talvez até parte das touradas. Os espanhóis não conhecem o morno.


   
    O outro show a que assistimos em Córdoba foi numa casa famosa chamada Flamenco Cardenal. Apesar de ser mais turístico e grandioso, foi também muito gostoso de se ver. Nesse pudemos apreciar a técnica de bailarinos e músicos com prêmios nacionais durante 2 horas. Assistimos a uma coreografia com castanholas e uma de flamenco no estilo ballet. Highlight da noite, porém, foi uma dançarina de uns 45/50 anos. A mulher era de uma elegância nata e um sofrimento sereno. Um contraponto interessante para a nossa querida pomba gira da noite anterior. Seus movimentos com o leque foram um deleite para os olhos. Inesquecível.



    Voltei pra Alemanha com uma idéia “encasquetada” na cabeça: fazer aulas de Flamenco. Como aqui meu tempo não é suficiente para isso, farei pelo menos um workshop de um dia na Volkshochschule. Estou super ansiosa! O leque eu já tenho! Foi minha souvenir opção dois, já que os tais dos xales eram caros demais. Se for legal eu volto em duas semanas para contar.
    Abaixo dois vídeos legais. O primeiro pela música. O segundo pela coreografia de uma bailarina famosa. 



segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Descobrindo a Andaluzia- Sevilha

       Sevilha é uma cidade grande com um ritmo um pouco mais agitado que Córdoba. Amarelo mostarda, branca e vermelha. Cheia de sacadas. Quente! Alto Astral! Barata!




Compramos tickets desses ônibus turísticos e a primeira parada foi a Plaza de Toros, onde ocorrem as touradas. Sim, eu sei que é polêmico. Sim, eu também acho uma covardia o que se faz com o bicho. Dizer, contudo, que a figura do toureiro com seus movimentos esguios e trajes ricamente bordados não me fascinam seria mentira. É uma figura histórica com uma aura de coragem de gladiador, sangue frio e crueldade. Um bailarino de uma dança de vida ou morte. Perfeito seria se fosse só vida. Minha versão de tourada seria uma dança maluca entre animal e homem. Haveria muito sangue sim, mas não derramado. Sangue vermelho fluindo nas veias pulsantes! A minha tourada teria até elementos cômicos: o toureiro medroso. O touro calminho. Enfim... tudo isso é só pra dizer que sou fã dos personagens com suas cores vibrantes, não do show com seu desenlace trágico. E pra dizer também que de alguma forma isso não poderia ser tão tradicional em outro país como o é na Espanha, porque ela é dramática. Quase mexicana.








    Caminhando da Plaza Del Toro para a catedral encontramos um restaurante super gente fina e movimentado. Azulejos típicos na parede, pernas de porco pra um lado, cabeça de Touros pro outro. Olé... é aqui mesmo que nós vamos comer. Sentamos no balcão debaixo da fileira de Jámons e pedimos uma porção de azeitonas para acompanhar nossas cervejinhas geladas como as brasileiras. HUMMM eu diria que essas azeitonas espanholas são o puro creme do milho verde. Carnudas e gigantescas pareciam até umas ameixas fruta de tão grandes. Chegou a primeira conta (no balcão paga-se tudo na hora) e fizemos a feliz constatação de que o copo de breja só custava 1,20 euro. Siiiiiiiiiim, meus amigos! Nós moradores da Alemanha nem lembrávamos mais o que era sentar num barzinho e beber cerveja sem ter que fazer a conta na cabeça pra não sair falido. Foi uma fartura sem fim. 

    Quando o garçom finalmente nos chamou para sentar em uma mesa, eu estava a ponto de bater um papo com as cabeças de boi penduradas na parede.  Não o fiz, porém. Tá entre nós... quer bicho mais sisudo que um touro? Almoçamos Tapas (petiscos) deliciosos: croquetes fritos, que conseguiram ser tão bons quanto os da minha avó, e meia porção de Jámon (perna de porco defumada). Apesar de ser meio caro, era obrigatório. Ir para Espanha e não comer um bom Jámon Ibérico é um sacrilégio. Pra variar, graças à Língua universal do futebol, o garçom ficou amigo do Tato e nós passamos horas de alegria fazendo uma das coisas que mais gostamos.... comer!







    Partimos de novo com o busão turístico e descemos na Plaza de España.  Antes mesmo de ver o local, eu me deparei com um homem que fazia caricaturas por apenas 5 euros. Nossaaaaaa, foi a realização de um sonho! Sempre quis ser desenhada ao vivo e a cores por um tio sem dente de praça igual aquele, mas era sempre tudo tão caro que eu acabava desistindo. Agora a vida me dava uma oportunidade dessas por cincão? Nem que o desenho não parecesse eu mesma... já valia a pena. Não pensei duas vezes e sentei no banquinho. Enquanto ele desenhava, eu tentava ler pelos olhos do Tato como é que eu estava ficando. O tio demorou só 5 minutos. Ainda bem... porque minha boca já estava dura de tanto sorrir. Finalmente ele disse que eu podia levantar e observar a figura. Hummm. Ok. Sorriso amarelo. Num primeiro momento eu diria que não parecia muito comigo. O artista, no entanto, brilhava satisfação ao lado de sua obra. Aí, para não ficar frustrada, formulei o pensamento consolador: as pessoas podem ter bloqueios mentais em relação à caricaturas de si mesmas e talvez, de fato, os outros me vejam desse jeito. Bom ou não, sou eu! Além do mais, ele me pintou com um vestido de flamenco, ou seja, realizou dois sonhos num só. Paguei satisfeita. Fiz um rolinho para o papel não amassar e caminhei o resto do dia feliz da vida, cheia de cuidados com aquele canudo. 

    Pois é. Mas alegria de pobre, meus amigos, dura pouco. E como não voltaremos mais tarde nesse assunto eu já antecipo o fim da história. Minha alegria durou exatamente 24 horas. No dia seguinte, na fila para embarcar no avião de volta pra Germânia, tive a infeliz idéia de sentar um minutinho no banco e esticar as pernas. O canudão, meu inseparável companheiro desde então, depositei numa mesinha ao meu lado. E lá está ele até hoje, se as moças da limpeza não o encontraram. O lado bom é que se alguém o descobriu, poderá dizer que é um retrato de si mesmo. O desenho é tão genérico e universal que serve a qualquer ser humano do sexo feminino. O lado triste é que eu tinha criado amor pela coisa. Filho da gente é sempre lindo. O Tato foi quem me consolou. A verdade é que ele tinha achado uma porcaria, mas não disse antes pra eu não ficar triste. Sorte sua que você perdeu!   Eu tentando me conformar: É mesmo... além disso, o tio teve a pachorra de fazer uma verruga no meu nariz! Onde já se viu tamanha liberdade poética? Pooooxa.... mas até com a verruga eu já tinha me acostumado. Bom... dos males o menor. Uma recordação eu aindo tenho: a foto. 




    Agora voltemos para a praça que ficou lá paradinha nos esperando, enquanto eu contava que fim deu minha desgraça. Que lugar maravilhoso!!! Gigantesco, cheio de azulejos pintados à mão, elementos árabes, pontes venezianas, cavalos puxando charretes carregadas de turistas, uma fonte de água fresca. Tudo isso com uma cor especial de 38 Graus. Amei.







Fazendo o 4 em homenagem ao nosso aniversário de casamento. 



    Hora de continuar o passeio. E lá vamos nós torrar o coco no banquinho do ônibus turístico até a próxima atração. Para não dizer que minto, aí está a prova.

    
    Demos uma volta quase completa pela cidade toda, passando até por um lugar onde tinha um foguete. Aí, não sei se foi por causa do bafo do calor ou do balancinho do ônibus, o melhor remédio de dormir do mundo, fomos dominados por uma leseira invencível. Dessas que se passa a olhar com um olho só pra economizar energia. Descemos na praça perto do Hotel como dois peregrinos que caminham a semanas no deserto sem água. Eram ainda 19:00. Muito cedo para dormir. Sentamos então num barzinho no meio das árvores e tomamos um vinho tempranillo espanhol, desfrutando cada segundo da noite quente de verão. Em algum momento começou a tocar uma banda no meio da praça e tudo virou uma festa. Parecia balada no gramado da Unicamp. A banda tocava músicas parecidas com o do Beirut e o povo dançava sem medo. Jantamos dois pratinhos de Salmorejo (Sopa de tomates com pão e ovo cru. O ovo eu só descobri depois, o que confesso, deu um certo revertério nas minhas células traumatizadas pela salmonela). Na ocasião, porém, lambi até os beiços. 

   
  
  No dia seguinte, tiramos a manhã antes de embarcar para conhecer o Real Alcazar. Fantástico!



   


   A construção com mais elementos árabes que vi até então. Parecia que tínhamos saído da Europa direto para o Marrocos ou para as Arábias. Só faltava mesmo um sultão gordo sentado numas almofadas coloridas e, é claro, o gênio da lâmpada. 

    
    O palácio era todo detalhado com paredes milimetricamente esculpidas, mosaicos, arcos, pilares. Seus jardins eram quase infinitos de tão grandes. Um lugar completamente fotogênico. Por isso economizemos palavras, já que as imagens valem por mil delas.









    Para finalizar almoçamos nos arredores do Alcazar um prato com 7 tipos diferentes de Tapas, acompanhados por Sangria e Cervejinha.


   Viagem maravilhosa para fechar com chave de ouro nossos 4 anos na Europa! 

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Descobrindo a Andaluzia- Córdoba

    Nada como uma viagem para tirar a gente da melancolia. É como se eu tivesse desafogado do desespero de ir embora pro Brasil o quanto antes. Voltei da Espanha renovada! Quatro dias de Sol com 35 a 40 Graus, Língua espanhola, povo de sangue quente. Não adianta... eu sou do calor e é no bafo da estufa que me sinto feliz. Sinto-me em casa. Parece que o verão passa uma mensagem subliminar de que está tudo bem. Eu nasci no lugar certo!

Arco do Triunfo e Mesquita ao fundo!

    O Tato participou de um congresso em Córdoba durante toda a semana e eu fui encontrá-lo na quinta para aproveitarmos juntos o weekend nessa região espanhola maravilhosa que é a Andaluzia.

Caminhando pelo centro histórico de Córdoba

    A Andaluzia é a chamada Espanha moura. Sofreu por muitos séculos dominação árabe e o patrimônio deixado por essa civilização foi preservado. Quem vai à região pode viver um pouquinho de Oriente sem sair da Europa. Além disso é  terra do querido Dom Quixote, do Flamenco, da sesta e das Touradas. Terra de um povo intenso, alegre, vivo. Não é sem razão que eu voltei apaixonada!!! 




Tradicional Salmorejo 

    Cheguei em Córdoba umas 16:00 horas e estava tão quente que era possível ver o ar dançando. Na rua nenhum ser vivo. Janelas e portas fechadas. Parecia uma cidade fantasma. Fui até o serviço de informação turística e encontrei uma plaquinha reveladora na porta: fechado para sesta. Voltaremos às 18:00. Aí tudo ficou mais que claro. Eu sabia da sesta, só não sabia que a tal era feita tão tarde. Lá o ritmo cotidiano é muito diferente do restante da Europa. O dia começa mais tarde e termina mais tarde ainda. Não se janta antes das 22:00. Para casos de fome extrema, nada como comer um Tapa para enganar o estômago até o jantar.




    A maior parte das casas possui um pátio em seu centro, ao ar livre, para onde convergem todos os cômodos. Sua função é refrescar o ambiente e quando o sol está a pino cobre-se sua extremidade superior com uma espécie de toldo. São sempre lindamente decorados: muitas plantas, pratos de cerâmica nas paredes de azulejos coloridos e em alguns casos encontramos até pequenas fontes de água.



Cerâmica Andaluza

Pátio do Hotel. Rosto inchado de quem acabou de acordar :/

Almoçando num pátio. Entrada: Salmorejo e Gaspacho. 

    Ficamos hospedados no centro histórico de Córdoba, que pode ser visto todo a pé. Ganhei até bolhas nos meus de tanto perambular. O bairro tradicional chamado Juderia possui vielas românticas, que formam um verdadeiro labirinto, sempre enfeitadas com vasos de flores. Enquanto o Tato trabalhava no Congresso, eu me divertia tirando fotos de TUDO e fazendo comprinhas nas lojas de souvenir. Acho que essa foi a viagem que mais comprei postais. 
    Quando ele tinha tempo livre, nosso passeio preferido era sair caminhando sem rumo até encontrar um restaurante com um pátio bem bonito, entrar, comer um Tapa com cerveja ou Sangria (vinho com frutas) e partir para o próximo. Melhor impossível. Aliás, possível: assistindo um show de Flamenco. Tão fantástico, encantador, maravilhoso que merece um capítulo à parte.      

Arredores da Mesquita

Uma rua da Juderia
Fonte no meio do labirinto de vielas
Calle de das Flores

Casa de chás árabes

    Impressionante é a Mesquita ou Catedral da cidade. É um exemplo de fusão entre cultura islâmica e cristã. Eu estava águada pra conhecê-la pessoalmente. Quando Córdoba foi reconquistada pelos reis cristãos, a mesquita foi convertida em catedral sem, no entanto, ser destruída. Somam-se assim dois estilos arquitetônicos completamente diferentes dentro de um mesmo edifício. É gigantesco. A denominação clichê não deixa de ter razão: uma floresta de colunas. Do lado de fora podemos nos refrescar nas sombras do pátio de laranjeiras. 

Uma das portas da Mesquita

Arcos e mais arcos dentro da Mesquita

Pátio de laranjeiras do lado de fora da Mesquita



    Mais uma atração imperdível é o Alcazar de Los Reyes Cristianos. Um castelo cheios de jardins, que embora possua muitos elementos islâmicos, foi construído e serviu de residência aos reis católicos Fernando e Isabel. Das suas torres pode-se ver a cidade toda e dos seus jardins admiramos as muralhas antigas que o cercam. O Tato assistiu antes de eu chegar um show de águas em suas fontes. Maravilhoso!





Vista sublime do alto de uma das torres do Alcazar

Show de águas no Alcazar

    Falando em águas... Por falta de tempo não pudemos conhecer as delícias dos banhos árabes. Muito tradicional na região, as casas de banho oferecem desde saunas e piscinas quentes até massagens relaxantes. Humm... ficou para a próxima. Era hora de pegarmos o trem para Sevilha. 

Abaixo um vídeo do Rick Steves sobre a cidade.