Não quero mais a neutralidade. Quero assumir minha realidade e me expor e vencer o medo de errar que bloqueia o movimento e a criação. Quero pecar por excesso.

Esse blog é isso. Um exercício de Libertação.








quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Os trajes tradicionais da Oktoberfest


    Quem visita a região da Bavária no mês que precede a Oktoberfest, depara-se em quase toda santa vitrine de loja com os trajes tradicionais: Dirndl e Lederhose.
    O Dirndl é um conjunto formado por um vestido rodado, blusa rendada branca e avental. Lembrou da imagem? Não? Então imagine você uma avózinha de estória infantil, daquelas que assa muffins. Ela estará provavelmente vestida de algo análogo a um Dírdo (Desculpe caro leitor, mas eu preciso da licença poética. A palavra é tão difícil de pronunciar que acaba atravancando meu pensamento).  
    O Dírdo é um traje, digamos, bem eclético. Serve tanto paras as senhoras mais reservadas como para as meninas mais espevitadas. Se o avental é inevitável e o rodado do vestido impede uma visão mais precisa das curvas não dianteiras, o negócio é extravasar por outro ângulo. Outros ângulos. Em alguns faltam uns centímetros no cumprimento. Em outros sobra material humano no decote. E assim, todo mundo sai feliz. Principalmente os de Lederhose.
    Um detalhe interessante de saber e que auxilia muito o quesito paquera é o seguinte: o lado que a mulher coloca o laço do seu avental significa se está livre ou não. Laço na esquerda: solteira. Laço na direita: comprometida. Laço atrás: viúva.
    Falemos agora da Lederhose. Ela nada mais é do que uma calça masculina de couro toda bordada. Na maior parte das vezes possui um suspensório e é usada com uma camisa xadrez tipo toalha de piquenique. Acompanham ainda meias de lã e, não raro, polainas de batata da perna. 


    Dado o nome aos bois, vamos ao que interessa, afinal o objetivo desse post não é descrever um traje tradicional (convenhamos que bastaria a fotografia). Nãããão. Esse post é muito mais que isso. Ele é um “achado” na vida de algumas turistas que, como eu, morrem de vontade de experimentar o Dírdo e não querem pagar 100 euros para fazê-lo. Um jeitinho brasileiro de fantasiar-se de alemã.   
    Tudo partiu da Marina Maceió, minha amiga. Eu sou meio cagona pra conseguir pensar sozinha numa proeza dessas. Ela, no entanto, é o tipo de pessoa que tem uma naturalidade aventureira, ou melhor, uma liberdade corajosa. E a idéia de entrar na C&A e escolher o Dírdo mais bonito para fazer fotos no provador nasceu com cara de idéia óbvia. O que não era. É verdade que nossa ação passa longe de ser um crime, mas o receio de tomar uma bronca da mulher da loja me fez sentir o gostinho do fora da lei.
    Foi divertidíssimo e aí está a recordação kostenlos (de graça) do nosso passeio em Munique.


    Dois anos mais tarde, apresentando a cidade para uma outra amiga, detecto em meu coração uma vontadezinha de vestir novamente o tal vestido. O desejo não nega esse sangue de atriz, que ferve por um figurino diferente. Por perucas então... sublima! Fiz a proposta indecente pra Rafaela, ela topou e lá fomos nós na C&A brincar de fantasia.

Par de vasos! rsrsrrs

    Apesar do Dírdo não ser lá muito do meu gosto, acho louvável uma tradição que permanece tão viva ao longo dos anos. Com certeza se eu fosse alemã teria meu exemplar. Sendo, porém, brasileira fico com os baratinhos da nossa festa junina!   




                                                                                

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Poeminha do Contra- Mário Quintana


Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!


Que delícia é reencontrar um poema amado! Diz tanto com tão pouco. Apaixonante.  


quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Insuportável


Eu sou daquelas pessoas que só recuperam a paz de espírito depois de ver o fim de um pacotinho de bolacha. 
Um pacotinho de bolacha aberto é INSUPORTÁVEL. 
Não pode existir. 
E ponto. 

domingo, 19 de agosto de 2012

Um pouco de Índia


    Infelizmente, aqui na Europa, comer fora não é tão barato como no Brasil. Por isso sair para jantar, quando o bolso permite, torna-se um evento extraordinário.
    Sábado passado foi um desses dias singulares. Decidimos finalmente experimentar a comida de um restaurante italiano super tradicional de Freising. Como o lugar é pequeno e aconchegante, achei melhor ligar e fazer uma reserva. Surpresa chata: A insensível da secretária eletrônica me comunicou com sua voz fria que o local estará fechado até o fim do mês.
    Poxa! E agora? Não podia decepcionar minhas lombrigas e quebrar a promessa de levá-las comer fora. Seria como tirar doce de criança e isso não se faz.
    -Calma meninas, nós vamos dar um jeitinho. Já que a Itália encontra-se inacessível, é preciso escolher outro destino.
    Ficamos entre a Grécia, a Tailândia e a Índia. Optamos pelo último. No quesito variedade, devo dizer que nossa pequena Freising está de nota dez. Aqui existe até restaurante Vietnamita e Afegão.
    Eu e Tato montamos nas nossas bicicletas e pedalamos até Bombay no fim da Hauptstrasse (rua principal).
    Na frente do restaurante um tumulto de pessoas com roupas tradicionais. Opa, pensei, espero que tenha lugar para nós. Prendemos as bikes, corremos como mortos de fome desesperados para a entrada e demos com a cara faminta na porta fechada. Novamente uma surpresa desagradável: uma placa sem coração informava que o local estava fechado para uma festa particular.
    Nãããããããão! (Leia esse grito como aqueles de filme de terror). De novo não! Minhas lombrigas ficaram com os olhos marejados ao ler o pedaço de papel. Não havia nada a fazer além de mudar mais uma vez o roteiro da viagem.
    Viramos as costas e caminhamos sem rumo, quando ouvimos uma voz que falava conosco. Seria a voz da consciência? Não meus amigos. Saiu de lá de dentro um homem de uns 40 nos, vestido com roupas típicas e desculpou-se pela situação desagradável de ter que nos mandar embora com o estômago vazio. Era a festa de aniversário de sua filha e por isso estava o restaurante fechado naquela noite.
    Agradecemos a sua educação e partimos. Suponho que nossa expressão era mais triste que dos famintos de Portinari, pois dois passos adiante ouvimos sua voz novamente:
    -Se vocês não se importarem de comer do nosso Buffet, podem entrar e sentar lá fora no terraço. Aqui dentro o pessoal está dançando e assim vocês ficam mais a vontade.
    Apesar de não entender direito a situação, aceitei sem hesitar. Nem mesmo a reação do Tato eu esperei. Um convite tão simpático não se nega. Além disso, sou fã número 1 dessas experiências culturais e sentir um pouquito da Índia a 15 minutos de distância da minha casa é uma oportunidade imperdível.
    Entramos. Cheiro de incenso e música indiana no ar. Por todos os lados adultos e crianças vestidos a caráter. Mulheres com roupas coloridas, lenços brilhantes, brincos, colares, pulseiras, piercings. Ahhhh como eu desejei vestir uma roupa daquelas, nem que fosse só por uns instantes. Alguns dançavam. Parecia mesmo que estávamos na Índia.
    Foi então que encontrei a tão desejada mesa do Buffet.  Até meu terceiro olho arregalou. As lombrigas festejavam frenéticas. Diferente de um dia normal quando se escolhe um determinado prato do cardápio, eu poderia provar um pouquinho de tudo o que o restaurante oferecia. Uau!
    O senhor nos apresentou as opções, fizemos um prato bem recheado e sentamos na área externa para apreciar as delícias da culinária indiana.  
    Que sorte a nossa pensávamos. Foi uma noite agradabilíssima.
    A surpresa mais gostosa, no entanto, nos aguardava na hora de partir. Chamamos o dono da festa e pedimos a conta.
    - Que conta? Hoje vocês são meus convidados, não é preciso pagar nada.
    - O quê? Sério? Muito obrigado! Pagamos então pelo menos pelas cervejas.
    - Da Próxima vez!
    Que generosidade! Um coração bondoso e desapegado de lucro desse jeito não é fácil de encontrar hoje em dia. Será isso uma característica comum da civilização indiana?
    Saímos felizes e tão animados que, antes de voltar pra casa, ainda demos um pulinho no México para tomar um drink bem gostoso. El corazón é o nome do bar.
    Isso é que se pode chamar de noite internacional. Dois brasileiros fazem um brinde em alemão ao corazón do dono de Bombay. Prost!


    Moral da história: Há males que vem para o bem. As férias do italiano não podiam ter vindo em momento melhor !

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Um Domingo no Königssee

     O dia começou cedo. Acordei com as galinhas às 5:50 da matina para fazer uns lanchinhos e partir com o Tato para pegar o trem.
     A ida ao Konigssee é barata (Bayernticket é super em conta), mas exige um pouco de paciência e disposição: a viagem dura aprox. 3:45h saindo de Freising. Ida e volta são umas boas 7 horas e meia de chá de cadeira.  Sabendo disso levamos Ipad, livros, comida e almofada pescocinho para dormir.
    O trem, no entanto, faz um percurso tão romântico que foi impossível fechar os olhos.  Passamos freqüentemente ao lado de pequenas vilas com igrejinhas cúpula de cebola (típico da Bavária) e casas tradicionais de telhado triangular e floreiras nas sacadas. Às vezes cruzávamos algum rio de águas transparentes. No fim da viagem, as pequenas montanhas antes vistas ao longe já não cabiam nas nossas janelas.

Essa foto é da minha mama, quando eles foram em maio pra lá. 

    Percebi que ultimamente observo a Alemanha com olhos melancólicos de quem se despede.
    Fez um dia de sol maravilhoso.
    A região do lago do rei (tradução ao pé da letra) estava transbordando de turistas. A rua que nos leva ao pequeno porto cheia de cafés, restaurantes, hotéis e lojinhas de souvenir parecia uma feira. Admito que adoro muvuca. Dá uma sensação de vida pulsante, não sei explicar. Muvuca da 25 de março então...amo de paixão. Estamos agora, no entanto, na Alemanha. E aqui, agosto é época de férias e dias de sol têm que ser aproveitados. 

Fila para comprar os tickets

Vista do porto para o lago

     Fizemos o passeio de barco até o Mosteiro St. Bartholomä. As águas do lago são tão cristalinas que se pode beber. Navegamos 35 min. montanha adentro.  Em determinado momento, o homem que pilotava a pequena embarcação desliga os motores (tudo é elétrico para não poluir), abre as janelas e diz que nos mostrará o eco. Todos os passageiros ficam em silêncio absoluto. O senhor saca um trompete de trás de um banco e toca uma canção. É de arrepiar os pêlos. Senti-me como uma formiguinha diante da grandiosidade e beleza desse lugar.
Abaixo o nosso vídeo. Dica: Aumente bem o volume para ouvir o eco. 



    Lembrei que na região dos Alpes é muito tradicional uma forma de canto sem texto, surgido por causa do eco desse relevo acidentado, chamado Jodeln. É aquela musiquinha engraçada que todo mundo já tentou cantar alguma vez. Achei alguns videos legais do youtube sobre essa tradição antiguíssima.




        Por favor me perdoe pelo veneno, mas antes que você assista o de baixo, eu preciso fazer um comentário: Observe que engraçado a lingüinha do senhor. Hahaha



   
    Voltemos ao passeio. Enquanto você assistia aos vídeos, eu e o Tato desembarcamos no mosteiro, achamos um lugar na sombra de seu Biergarten e pedimos pratos alemães deliciosos, acompanhados naturalmente de 2 Maß (canecão de 1 litro de cerveja). Eita vida boa!


Mosteiro St. Bartholomä

Cerveja ao pé da montanha

Spätzle (massinha) com fatias de carne de porco ao molho de cogumelos
   
    Felizes e alimentados, demos uma volta pelos arredores, tiramos algumas fotos e corremos para o barquinho a fim de voltar a tempo pro porto e pegar um teleférico até o alto de uma das montanhas.  
    Uau. Que maravilhoso! Meu Deus... Parabéns! Esse lugar foi muito bem feito. Visto de baixo ou de cima, não importa o ângulo, tudo é de uma perfeição hipnotizante. Verdadeiro colírio para os olhos! Bálsamo para a alma!



Aproveitei para fazer uma homenagem


    Lá em cima tem um restaurante com vista pro mar de montanhas. Tomamos uma weißbier com a cabeça nas nuvens. Literalmente. O mundo miniatura lá de baixo nem parecia de verdade. Uma vez ou outra se ouvia o sino do pescoço de alguma vaca alpinista. Ao nosso lado, um pintor jovem fazia seu retrato a óleo da paisagem. 


    Inesquecível! Desde então sonhamos com a idéia de um dia alugar uma cabana no meio dos Alpes e mergulhar no seu silêncio. Não é a toa que os monges tibetanos são tão tranqüilos. As montanhas têm uma energia contagiante que revigora todos os nossos poros cosmopolitas poluídos. 
   




segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Meu primeiro papel

    Vim aqui confessar que na minha estréia no teatro, com 6 anos de idade, numa escola americana onde cursei o pré-primário, interpretei o grande papel de um milho que não conseguia virar pipoca.
   Vestida com um saco de lixo amarelo (as pipocas bem sucedidas vestiam sacos brancos), mal sabia eu que já tratava de um tema tão profundo da alma humana.
    Meu pequeno Hamlet peruá queixava-se para os cozinheiros suas dores metafísicas do não ser. Desenvolvia-se um bate-papo cabeça e todos cantavam em conjunto: You can do it, pop pop! You can do it, pop pop! You can do it if you try!!! Então, milagrosamente, eu e mais alguns milhos fracassados, encorajados pelo canto coletivo, vencíamos o obstáculo e nos transformávamos na tão almejada pipoca. A peça acabava com um “felizes para sempre” versão Popcorn Parade.
    Quem diria que um singelo espetáculo infantil pudesse ir tão longe nas questões metafísicas, comovendo corações, espelhando a luta diária da humanidade, inspirando grandes políticos!
   Anos mais tarde, vestida novamente com o tema que me lançou no mundo artístico, recebi o tão renomado prêmio de melhor fantasia na festa Ósmar da artes cênicas. Só que dessa vez, eu não era um peruá ou UMA pipoca retardatária, eu era um saquinho inteiro!!!
Pois é... como já diziam meus companheirinhos americanos:YES, WE CAN!!! 

  

domingo, 5 de agosto de 2012

Leonid Afremov



    Passeando pelo meu Facebook no sábado à noite, descobri entre as fotos de animais maltratados e as mensagens de auto-estima, esse pintor maravilhoso que uma conhecida compartilhou. 
    Fiquei encantada com as pinceladas coloridas desse talentoso israelense de origem bielorrussa. Aliás, nada de pinceladas. "Espatuladas" seria o correto, já que ele usa uma espátula para pintar com tinta a óleo. 
Genial!!! Na minha opinião, conseguiu criar um estilo próprio dentro do impressionismo!  
Abaixo, dois sites, onde é até possível comprar suas obras: 



Vale a pena dar uma conferida J