Não quero mais a neutralidade. Quero assumir minha realidade e me expor e vencer o medo de errar que bloqueia o movimento e a criação. Quero pecar por excesso.

Esse blog é isso. Um exercício de Libertação.








domingo, 9 de outubro de 2011

Um passeio no mercado de domingo de Nice

A rua que na noite anterior dava lugar à milhares de restaurantes com mesinhas na calçada é, domingo de manhã, palco de um mercado delicioso de frutas, temperos e flores.

Chegamos e logo de entrada nos deparamos com uma multidão que se amontoava em torno de um carrinho de flores. O que será? Como todo bom curioso, nos enfiamos no meio do povo desesperado e avistamos um pessoal vestido com roupas típicas que estava distribuindo flores. Até hoje não sabemos bem o motivo, mas que bonito! Que gesto generoso! Como o homem, nesse caso as mulheres, são sensíveis e delicadas!!! Todas desejam loucamente ganhar uma flor. Desejam tão desesperadamente, que para conseguí-la, jogam-se no mar de cotoveladas, unhadas e puxões de cabelo sem medo de voltarem feridas. O importante, no final das contas, é possuir e cheirar essa pequena obra-prima da natureza. De graça! Ai que romântico! Para algumas a experiência é tão encantadora, que necessitadas de mais e mais, deixam sua já conquistada flor com o marido, vestem novamente seus capacetes e adentram corajosas na massa humana, lutando contra outras insaciáveis amazonas pelo segundo exemplar. Terceiro. Quarto. Não importa. É de graça!

Conquistado o meu cravo amarelo, pudemos continuar nosso passeio pelo mercado. Não sem antes nos depararmos com umas mulheres vestidas de jardim que circulavam em volta do caos. Seria uma alucinação causada pelo sol quente da manhã de domingo ou pela exaustão da guerra das flores? Não. Era real: no mercado de Nice circulava uma flora ambulante. O Tato tirou fotos para provar.

Depois de tantas emoções, é natural que se sinta um pouco de fome. E nada melhor do que matá-la com as famosas uvas da Provença. Brancas ou vermelhas, não importa. O importante é provar. E se não tiver onde lavar, faz um pai nosso e come assim mesmo! Quer coisa mais chique que bactérias e micróbios franceses?

O Tato deixou de lado essa experiência de degustar a natureza selvagemmente e optou por experimentar a famosa Socca, uma espécie de crepe/panqueca salgada feita de farinha de grão de bico, sal, água e óleo de oliva. Criou coragem e entrou na fila quilométrica para obter seu tão desejado pedacinho. Como a Socca é assada no forno a lenha e deve ser comida quentinha, é trazida a cada 10 minutos para o mercado por um homem de motinha. Que coisa mais emocionante! Cada Socca dava pra uns 3 ou 4 clientes, o que criava a maior expectativa na esfomeada clientela. Toda vez que a motinha virava o quarteirão era o maior alvoroço. Ai de quem furasse a fila. Enquanto o tio colocava a assadeira com aquela rodela amarela gigante em cima do latão quente de carvão, a tia que a servia, mais italiana que francesa, gesticulava nervosa e botava aos gritos ordem na fila inquieta. Triste era o momento em que se percebia ter ficado para a próxima rodada. Um verdadeiro Socca no estômago! O tio da motinha, no entanto, sempre voltava para alegria geral da Nação. Imagino que depois do papai Noel, ele deve ser um dos homens mais esperados do mundo. E a espera valeu a pena!!! Que delícia!

Saciados e satisfeitos ainda compramos um azeite caseiro (a região também é famosa por suas oliveiras) e deixamos o local para subir a colina do Chateau, de onde se tem uma vista linda de toda a praia. Hora de queimar as calorias francesas acumuladas no mercado!


sexta-feira, 7 de outubro de 2011