Não quero mais a neutralidade. Quero assumir minha realidade e me expor e vencer o medo de errar que bloqueia o movimento e a criação. Quero pecar por excesso.

Esse blog é isso. Um exercício de Libertação.








segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Quando neva faz silêncio na Moosstrasse

O carnaval alemão

Aqui na Alemanha o carnaval é chamado de Fasching e acontece na mesma época que o do Brasil, com a diferença que tudo continua funcionando, pois não é feriado.
Na verdade eu ainda não entendi direito como é que os alemães comemoram. Ano passado, em um dia específico à tarde, as pessoas saíram pela rua principal do comércio “meio” fantasiadas (perucas, óculos malucos, plumas, tec...) e só. O mais engraçado é que não era um desfile, nem música na rua tinha. Todos agiam normalmente como se nada de novo estivesse acontecendo. Uma mulher alemã de cabelos cor-de-rosa foi na padaria alemã , comprou um pão alemão e voltou pra casa. E esse foi seu divertido carnaval. Ai ai ai.

Eu e o Tato saímos um dia a noite para procurar algum tipo de festança e a única coisa que encontramos foi uma festa de salão, onde dançava um grupo meio deprimente e várias crianças felizes corriam para todos os lados, ansiosas pelo concurso de melhor fantasia. Veja uma foto do grupo na capa da revista do mês da cidade. Hauhauhauhauha

Ai, será que estou sendo muito venenosa?

Eu sei que em Köln (Colônia) rola um carnaval legal com desfile de rua. Mais animado sem dúvida, mas não vá imaginando que se compara aos nossos desfiles. Primeiro pq aqui é inverno e depois pq... pq aqui é Alemanha oras bolas.

Uma tradição dessa época são os bolinhos chamados Krapfen. No Brasil eu diria que se aproximam de um sonho recheado. Naturalmente que os daqui são muito mais gostosos, pq se existe uma coisa que o povo alemão entende é de padaria e suas delícias. Joguei no google para entender pq esses bolinhos só se come no Fasching e descobri que isso vem de muuuuitos anos atrás, quando o jejum após o carnaval era levado bem a sério. As pessoas aproveitavam o período de festa pra dar uma fortificada na sua reserva de gordurinha antes de entrar no período de abstinência. E convenhamos que o Krapfen é perfeito para isso, já que esse bolinho é frito na gordura e possui um bom tanto de calorias.

Acho interessante essa relação que existe aqui entre as festas do ano e certas comidinhas típicas que só se encontra nesse período. Parece que a coisa se torna especial por não ser acessível o ano todo. São como as estações . Aqui se vive de verdade cada uma delas, pq são completamente distintas e definidas. No Natal, por exemplo, não há quem não reserve um tempo para assar os biscoitinhos de formato divertido (Weihnachtsplätzen). Ou na Oktoberfest, quando todo mundo compra aquele bolo Lebkuchen em formato de coração.

Abaixo uma foto dos Krapfens.

Confesso que estou bem ansiosa para comer vários tipos!!!


sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Sobre meu novo espetáculo




A Visita da Velha Senhora

de Friedrich Dürrenmatt


Eu adorei a história. Lembro-me do filme Dogville. Dá até vontade de montar com os Geraldos no Brasil. O problema é que precisa-se de muuuuuita gente.

Abaixo segue um resumão do resumão para os curiosos e para meu registro.


O povo da cidade de Güllen, que está arruinada, espera ansioso e esperançoso pela visita de Claire, uma antiga moradora e hoje milionária. Eles veem nela uma possível salvação para a miséria em que se encontram.

A cidade se organiza para a chegada da senhora com um grande festa na estação de trem.

Ill (isso é um nome i L L), um dos cidadãos mais bem conceituados e amados da cidade, recebe a tarefa de pedir a ela dinheiro, já que ambos foram no passado amantes.

Infelizmente ela salta de um trem 2 horas antes do previsto e surpreende os moradores no meio da preparação.

Depois de uma improvisada e atrapalhada “Boas Vindas” e do discurso do Prefeito, Ill segue com sua tarefa.

A milionário revela então que doará 1 bilhão para a cidade.

O povo não se contém de alegria! Será o fim do sofrimento!

Ela interrompe a gritaria e diz que para isso só tem uma condição: Que ela possa com esse dinheiro comprar justiça! Ela exige a morte de Ill.

Silêncio. Ninguém entende a razão de uma proposta tão indecente.

O mordomo toma a palavra e esclarece o motivo de tanta fúria por parte de Claire: Ela foi muito injustiçada quando mocinha e partiu da cidade grávida, totalmente pobre, sozinha e sem moral perante Güllen. Acabou tornando-se prostituta. Tudo isso por culpa de Ill, que pagou 2 homens para deporem falsamente contra ela no tribunal. Claire foi vítima de um erro judiciário e agora clama por vingança. Ao se casar com um bilionário, ela encontrou condições para exercer seu plano, comprando no anonimato toda a cidade e levando-a a miséria extrema.

Os moradores se revoltam e recusam veementemente a proposta.

Claire não se afeta. O primeiro ato acaba com sua frase: Eu espero!

O restante da peça se desenvolve de forma que acompanhamos os cidadãos de Güllen deixando-se seduzir pelo dinheiro e suas facilidades. A recusa tão enérgica da proposta imoral começa a ser questionável.

Os habitantes aparecem cada dia com novos pertences, novos roupas , novos sapatos amarelos e Ill passa a se sentir ameaçado.

Já dá pra imaginar o fim da história não é?

Güllen volta a prosperar, Claire vai- se embora satisfeita e Ill, declara a Mídia, teve um ataque cardíaco de alegria ao saber que a milionária doaria um bilhão para sua tão amada terra.

O dinheiro venceu a moral. Será que eles serão capazes de viver felizes para sempre?


Estou animada para a montagem. Somos 25 atores e muitas malas que funcionam como elemento cênico coringa. Ora balcão da mercearia, ora banco da estação de trem, ora floresta, as malas compõe as cenas das formas mais variadas possíveis.

Serão 6 apresentações em Maio no teatro tradicional da cidade, desses com teto rococó, chamado Asaamsaal.

Fui conhecer o local semana passada. O mais legal é que tem no palco aquele buraco no chão por onde o ator pode sumir ou aparecer num toque de mágica. Nunca tinha visto um desses.

Uma musiquinha alemã divertida

Às vezes olho pedra e vejo pedra mesmo

Pois é Adélia Prado ... e o que fazemos para sair de um período de vácuo poético?

Acho que ando assistindo muito "Two and a half man".