Não quero mais a neutralidade. Quero assumir minha realidade e me expor e vencer o medo de errar que bloqueia o movimento e a criação. Quero pecar por excesso.

Esse blog é isso. Um exercício de Libertação.








segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Tentando o techno

Desculpem-me os grandes fãs de Techno pelo desabafo. Se eu não for livre no meu próprio blog, não serei livre em lugar nenhum.
Estávamos nós em Berlim e meu queridíssimo marido quis ir a uma balada hard techno, já que a cidade é um dos berços da cultura eletrônica e ele é um grande fã do tuts tuts.
A balada chamava Tresor e tinha 2 ambientes. Os 2 de technos. O mais pesado era na parte de baixo do edifício em construção, numa espécie de porão.
Mais uma vez tentei a todo custo me divertir e me envolver com o ambiente e a música. E mais uma vez não consegui. Techno não é igual sushi, que as 2 primeiras vezes se come a contragosto para depois aprender a apreciar a culinária japonesa e depois ainda tornar-se um escravo desse vício fantástico. (Detalhe nada a ver com o techno: passamos 3 dias em Berlim e como lá os restaurantes eram baratos, comemos sushi os 3 dias)!
Pois então... lá estava eu no meio do porão todo pichado e lotado de gente, meio com falta de ar, envolta numa massa de gelo seco que não me permitia ver um palmo a frente do nariz, tentando me divertir. E entender. De coração realmente aberto para não abraçar o preconceito.
A cada minuto me sentia mais sozinha e angustiada. Existe uma coisa meio individualista nessa balada. É uma festa sem conversas onde as pessoas se juntam para dançarem sozinhas. Um coletivo solitário. E ainda tem a fumaça, que preenche o ambiente de neblina, borrando o contorno das coisas. Ninguém vê ninguém direito. Minha sensação é que eu estava sozinha e de repente saía uma sombra dali, outra daqui. Liberdade? Talvez ... pelo menos cada um pode dançar do jeito que bem entender. O baile dos vultos dançando roboticamente o som das máquinas.
Outro elemento são as luzes. Fiquei pensando que tudo isso corresponde realmente ao mundo de hoje. Contemporâneo, tecnológico.
Devo me sentir culpada por não compartilhar desse gosto pelo novo?
Juro que tentei com toda a minha boa vontade. Dancei até suar, bebi energético. Pensei. Observei. Ouvi. E quando não agüentava mais espremer meu cérebro em busca do porquê as pessoas se divertem com isso, veio a resposta projetada nos telões das paredes em volta de toda a discoteca.
It is what it is.
Plin! Entendi!
Para de ficar procurando motivos Jaqueline.
É como apreciar um quadro. Às vezes se gosta, às vezes não.
E repentinamente saiu o peso da culpa e eu pude admitir para mim mesma que essa energia não me toca. Eu não sou transgressão, sou mais resignação (O Tato fica me zuando que só falo essa palavra. É verdade. Tudo culpa da Clarice Lispector).
E isso não significa que eu nunca mais vá a uma balada dessas. Um relacionamento envolve doação e sacrifícios às vezes. Irei feliz e aliviada por saber que não preciso me forçar a gostar de nada. Ver meu amor se divertir vale sempre a pena :)

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