Não quero mais a neutralidade. Quero assumir minha realidade e me expor e vencer o medo de errar que bloqueia o movimento e a criação. Quero pecar por excesso.

Esse blog é isso. Um exercício de Libertação.








sábado, 16 de outubro de 2010

O Free tour alternative Berlin

Foi muuuuito legal. É interessante ver algumas coisas a mais do que os prédios conhecidos e tradicionais.
Nosso guia era bem maluco com cabelo todo punk e vários anéis.
Começamos falando um pouco sobre a cultura da grafitagem e dos lambe-lambes (stickers). Ele nos levou numa parede muito maluca cheinha de Stickers (que não são ilegais) e contou várias histórias relacionadas a essas práticas.
A mais interessante foi a da Linda.
Um artista saiu por aí colando lambe-lambes com mensagens de amor para uma tal de Linda: -Linda volta pra mim! Eu te amo!

-Linda estarei sempre te esperando nesse café a tal hora!
-Linda me dá uma chance!
Depois de um tempo, outras pessoas começaram a colar mensagens também:
-Linda, dá uma chance pra ele!
-Linda, eu queria ter um homem que me amasse igual ele te ama!
Etc...
Isso cresceu e por toda a cidade viam-se recados para Linda! As pessoas iam ao Café, que passou a ficar sempre lotado, procuravam pelo casal e nunca encontravam ninguém. Até num programa de rádio passou-se a debater o assunto. Até que um dia o artista foi ao programa e revelou que não existia nenhuma Linda. Disse que tinha criado toda essa história como forma de arte e agradeceu pela atenção de todos.
Achei interessante pela mobilização que causou nas pessoas da cidade. Parece que por um instante cada um saiu de sua rotina para olhar o outro. Como se o homem acordasse por alguns segundos no meio da sua corrida para pegar o metrô que sairá em meio minuto e recebesse um estímulo do desenho, sentisse uma sensação, uma cutucada, qualquer coisa.
Cultura? Subcultura? Vandalismo urbano?
Dei uma olhadinha no Wikipédia para entender melhor:
Atualmente o grafite já é considerado como forma de expressão incluída no âmbito das artes visuais, mais especificamente, da street art ou arte urbana- em que o artista aproveita os espaços públicos, criando uma linguagem intencional para interferir na cidade.

Normalmente distingue-se o grafite, de elaboração mais complexa, da simples pichação, quase sempre considerada como contravenção, visualmente agressiva,
contribuindo para a degradação da paisagem urbana – enfim, mero vandalismo desprovido de valor artístico ou comunicativo. Costumam ser enquadradas nessa categoria as inscrições repetitivas, bastante simplificadas e de execução rápida, basicamente símbolos ou caracteres um tanto hieróglifos, de uma só cor, que recobrem os muros das cidades. A pichação é, por definição, feita em locais proibidos e à noite, em operações rápidas, sendo tratada como ataque ao patrimônio público ou privado, e portanto o seu autor está sujeito a prisão e multa. O grafite atualmente tende a ser feito em locais permitidos ou mesmo especialmente destinados à sua realização.
Não há, entretanto, parâmetros objetivos para a distinção entre uma forma e outra. Ambas utilizam basicamente as mesmas técnicas de execução, os mesmos elementos de suporte e podem conter algum grau de transgressão. Ambas tendem a alimentar discussões acerca dos limites da arte, sobre arte livre ou arte-mercadoria, liberdade de expressão, mas também sobre "quem vai limpar o meu muro e onde está a polícia?".

Em geral, a convivência entre grafiteiros e pichadores é pacífica. Muitos grafiteiros foram pichadores no passado, e geralmente os pichadores não interferem sobre paredes grafitadas.


Confesso que quando os lugares são muito pichados sou afetada negativamente pela poluição visual. Não sou a favor de se sair pichando tudo por aí. Em compensação alguns dos grafites (não piches) que nós vimos fizeram realmente bem para o lugar onde se encontram. Por exemplo, uma casa maluca (ver foto) que movimentou a rua, trazendo muitos interessados para dar uma observada. Ou mesmo o local onde está o muro. As pinturas na East Side Gallery deram tal importância para o local, que os terrenos da região foram valorizados.
Ouvimos também sobre alguns outros artistas que criaram personagens e os desenharam ao longo de toda a cidade nos lugares mais inusitados. É impossível dizer que quem conhece a figura não vai dar risada ao encontrá-la no metrô ou ao lado de uma propaganda política da Angela (chanceler da Alemanha). É divertido, mas nesse caso, entramos na discussão da degradação do patrimônio público, já que essas figuras são pintadas em lugares proibidos. Tema complexo.
Não tenho opinião formada a respeito do tema, mas sei que depois desse tour nunca mais verei um grafite da mesma maneira.


Nosso Guia maluquete!

A parede de lambe-lambes!



A casa todinha grafitada!


Esse desenho é muito curioso. O artista resolveu interagir com a tecnologia da cidade e pintou esse astronauta. A idéia ficou genial porque à noite, devido a sombra do prédio ao lado, que se não me engano é uma loja de carros toda iluminada, reflete-se exatamente na mão da figura a bandeira que fica no alto do estabelecimento!

Nosso tour maluco ainda seguiu para um museu de adesivos, uma galeria de artes com super-heróis estilo quadrinhos, para uma estação de trem abandonada que virou balada, pista de sk8 e escalada, uma prainha Jamaicana ao lado do rio e finalmente para a casa de um senhor que mora na árvore a mais de 20 anos.
Essa área ficava numa parte de encontro dos muros, formando uma zona negativa. Apesar de se situar no lado socialista, pertencia ao setor capitalista, pois a fronteira passava além do muro. Um senhor decidiu fazer ali uma horta e se apropriou do lugar. Naturalmente que isso gerou a maior confusão e ele recebeu ameaças e ordens de despejo por parte dos socialistas, enquanto os capitalistas diziam que ele poderia ficar, já que aquela área os pertencia. No fim das contas, descobriu-se que a terra pertencia à Igreja, situada logo atrás e que quem decidiria o impasse seria a própria. O senhor recebeu de presente aquela pequena parte de chão e construiu ali sua casa com materiais que achou na rua. Para não ter perigo de ser despejado, cimentou os móveis no chão, de forma que eles nunca mais sairão do lugar. E vive lá até hoje com sua família. Pudemos vê-lo sentado numa cadeira do lado de fora com uma barba branca gigantesca, enquanto sua mulher cuidava da horta na parte de trás. Parecia até de mentira. Curioso ou não?

A casa na árvore. Repare nos pés da mesa (à esquerda) cimentados! hauhauha

O senhor! Sim ele existe :)

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