Não quero mais a neutralidade. Quero assumir minha realidade e me expor e vencer o medo de errar que bloqueia o movimento e a criação. Quero pecar por excesso.

Esse blog é isso. Um exercício de Libertação.








segunda-feira, 12 de março de 2012

Uma caminhada em Montmartre

Voltando do Brasil para minha casinha alemã, fiz uma escala de 9 horas em Paris. Sabendo que o aeroporto não fica tão perto da cidade assim, decidi escolher uma única experiência e desfrutá-la com tranqüilidade do que me estressar e querer fazer o máximo de coisas possíveis nesse intervalo de tempo. Isso foi uma coisa que fui aprendendo ao longo das nossas viagens pela Europa: qualidade em vez de quantidade. Ultimamente eu prefiro ver 2 coisas legais e vivenciá-las de fato, do que 50 sem ter parado um minuto de verdade para contemplar alguma.

Assim, decidi passar uma tarde agradável em Montmartre. Primeiro porque é um bairro todo poético, cheio de artistas e atmosfera romântica. Depois pq é palco do filme da Amelie Poulain que eu gosto muito.

Foi a primeira vez na vida que viajei sem ninguém e confesso que estava um pouco apavorada com a idéia. Para minha surpresa, a tarde em que mais estive sozinha da minha vida não foi nada desagradável! É claro que tudo estava temperado com aquela angustiazinha que sempre sinto ao partir da minha terra, mas agora percebo o quanto aquele momento foi precioso.

Desci na estação Abbesses de máquina na mão e comecei a caminhar seguindo um circuito que imprimi no Google Maps. Naturalmente que seria mais romântico vaguear sem destino certo, mas para a estréia de uma viajante solitária, um mapinha dá uma segurança consoladora.

Fui visitar o Cafe des 2 Moulins, onde a Amelie trabalhava no filme. Poxa que legal que é isso! Como um filme pode tornar um lugar normal assim tão mágico? Escolhi sentar numa mesinha encostada na vitrine de vidro com vista para a rua, mas me sentei mesmo foi virada para dentro café. A sensação é que a ficção é realidade, que tudo aconteceu de verdade e que eu de alguma forma também era íntima daquele lugar. Desconfio que a Amelie ainda trabalha ali, mas estava no seu dia de folga. Faltavam mesmo só os personagens, mas com um pouco de criatividade podia-se facilmente inventar estórias com aqueles que ali trabalhavam.

Pedi uma tábua de queijos franceses e fiquei lá curtindo minha solidão, sem pressa de ir embora. É gostoso observar as pessoas. O legal é que no café não se vê somente turistas. Muitos nativos também vão lá durante sua pausa do trabalho tomar uma xícara de expresso. Aliás, que bonito que é isso dos franceses em cafés comendo seus croissants e lendo jornais ou trabalhando no laptop. Essa é uma imagem muito forte que tenho da França. Se a mesinha for na calçada ainda, mais legítimo!

Fui visitar também o Moulin de Gallete, um moinho no meio da cidade. Bonito! Mas o que eu mais gostei mesmo foi andar pela pracinha dos artistas chamada: Place Du Tertre, que fica muito próxima da Sacré Couer e é cercada por Cafés com mesinhas para fora. Lá muitos artistas expõem seus quadrinhos para vender ou fazem caricaturas dos turistas por 20 euros. Um museu ao ar livre!

Depois caminhei até a basílica de Sacré Couer e sentei uns bons 15 minutos nas suas escadas com vista para a cidade. Apesar de muito bonito, achei tudo meio triste. As árvores estavam sem folhas e o dia frio e levemente escuro. Para mim, que acabava de sair do Brasil 40 Graus, a Europa era de um silêncio triste e cinza. Ou eu é que estava vendo o mundo pelos meus olhos tristes? Não escutar mais português doeu na minha alma.


Então entrei, rezei um Pai-nosso com olhos marejados e decidi voltar correndo pro aeroporto. Tudo ficou grande demais pra mim. Levei comigo alguns postais e uma caixinha de música que toca a valsa da Amelie... uma caixinha de uma delicadeza e de uma beleza... dolorida até.

No aeroporto chorei. Chorei e chorei. Estava mais uma vez cortando meu cordão umbilical com o Brasil. Eu sempre volto pra Europa com mais saudades do que quando saio de férias em Dezembro. No entanto, logo acostumo e a saudade se anestesia.

O importante é que vivi uma tarde interessante e verdadeira em Paris. Sozinha. Tirei até umas fotos muito legais, o que me fez concluir que é necessário silêncio e tempo para se tirar fotos boas, ou pelo menos, fotos menos clichês!


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