Não quero mais a neutralidade. Quero assumir minha realidade e me expor e vencer o medo de errar que bloqueia o movimento e a criação. Quero pecar por excesso.

Esse blog é isso. Um exercício de Libertação.








terça-feira, 18 de maio de 2010

O diário de Anne Frank

Escrevo abaixo um trechinho do diário de Anne. Para quem não conhece, ela era uma menina judia, que durante a Segunda Guerra, escondeu-se com sua família e mais outra família judia aos fundos de um estabelecimento comercial em Amsterdam. Ficaram de julho de 1942 até agosto de 1944, quando foram descobertos e levados para campos de concentração.
Quando escreveu essa página estava com 14 anos.
A história é real e o diário também. É de se espantar a maturidade dessa criança, que chega a causar dúvidas quanto a autencidade do livro. Mas nunca se sabe... às vezes a menina era realmente inteligente e uma condição de vida precária como essa a fez amadurecer muito rápido. E acho também que os tradutores podem ter enfeitado um pouco a linguagem simples infantil.
Enfim, autêntico ou não, essa passagem me tocou muito. Peter é o filho da outra família, com a qual dividem o pequeno esconderijo. Depois de um ano e meio sem pisar na rua, sem sentir o calor do sol na pele, trancafiada no esconderijo, ela foi capaz de escrever:

Quarta-feira 23 de fevereiro de 1944


Querida Kitty (é o nome que ela deu ao diário)
Lá fora o tempo está lindo e, desde ontem, sinto-me bem mais animada. Quase todas as manhãs vou à água-furtada onde Peter trabalha, para limpar meus pulmões, livrando-os do ar confinado. De meu lugarzinho favorito no chão, contemplo o céu azul e o castanheiro despido, em cujos galhos as gotinhas de chuva brilham feito prata, e as gaivotas e pássaros a deslizar no vento.
Peter encostou a cabeça em uma viga, e eu fiquei sentada. Respirávamos aquele ar fresco, olhávamos para fora e sentíamos que qualquer palavra quebraria o encantamento. Assim ficamos durante longo tempo e, quando ele precisou subir ao sótão para rachar lenha, eu já sabia que ele era um bom rapaz. Subi com ele; passou uns quinze minutos rachando lenha, e durante esse tempo ficamos em silêncio. (...) Fiquei olhando, também, através da janela, para uma vasta área de Amsterdam, para além dos telhados, para o horizonte de um azul tão pálido que se tornava difícil distinguir a linha divisória. E eu pensei: "Enquanto existir isso, enquanto eu estiver viva e puder contemplar este sol e este céu sem nuvens, enquanto isto existir, não poderei ser infeliz".
O melhor remédio para os que sentem medo, solidão ou infelicidade é ir para um lugar ao ar livre, onde possam estar sozinhos com o céu, a natureza e Deus. Só então a gente sente que tudo está como deve estar e que Deus nos quer ver felizes na beleza simples da natureza. Enquanto isto existir - e certamente existirá-, sei que sempre haverá consolação para todas as tristezas, sejam quais forem as circunstâncias. Acredito firmemente que a natureza traz alívio para todas as aflições. (...)
Um pensamento: Sentimos falta de tanta coisa, aqui! Não falo das coisas exteriores, pois quanto a estas, há quem olhe por nós. Falo das interiores. Anseio por liberdade e ar livre, mas vejo agora que recebemos amplas compensações pelo que nos falta. Compreendi isto de repente, esta manhã, enquanto estava sentada ali, em frente à janela. Falo de compensação interior.
Ao olhar para fora, para a profundeza de Deus e da natureza, senti-me feliz, realmente feliz. (...)
As riquezas podem perder-se, esta felicidade que vem do próprio coração pode velar-se, mas nunca deixará de existir enquanto a vida durar. Enquanto se puder olhar sem temor para os céus, enquanto soubermos que somos puros de coração, teremos sempre a felicidade em nós.
Sua Anne


Aqui sou eu de novo. Isso é uma puta lição de moral para nós, eternos insatisfeitos! Posso dizer por mim: quando leio algo assim, ainda mais quando levo em conta a situação horrível de quem escreveu, sinto-me envergonhada das minhas reclamações tão pequenas e mesquinhas.

Um comentário:

  1. quer uma dica... quando for a Amsterdan visite o local onde ela estava escondida... fiquei muito feliz em saber que alguem alem de mim achou fascinante essa menina e sua história... há 2 outros livros muito bons sobre ela caso voce se interesse... " Memórias de Anne Frank" e "Bibliografia de Anne Frank" .. mas a Casa onde era o escritorio do pai dela.. e o anexo atras da estante é demais.. e olha a estante é muito real... e voce entrar lá dpois de ler o livro é incrivelmente indescritivel.. vele a pena.

    beejos =**

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