Não quero mais a neutralidade. Quero assumir minha realidade e me expor e vencer o medo de errar que bloqueia o movimento e a criação. Quero pecar por excesso.

Esse blog é isso. Um exercício de Libertação.








quarta-feira, 11 de julho de 2012

O jardim chinês de Zurique


Quero registrar um momento mágico que eu vivi e agradecer a Deus por sua generosidade de sempre me presentear com instantes como esse: minha visita ao jardim chinês na Suíça.

O jardim, cercado por muralhas, situa-se em um parque à beira do lago de Zurique e pode ser reconhecido de longe com seus telhados típicos amarelos.

    
    Um sábado de sol.

    Do lado de fora das muralhas pessoas dão risadas, fazem jogging, piquenique. Algumas, estendidas na grama, aproveitam o momento para fazer fotossíntese (é bom lembrar que o verão acabou de começar e nosso tanque de energia solar recém-saído do inverno precisa ser reabastecido). Crianças nadam na água doce, outras no sorvete que derrete. Ciclistas encapacetados atravessam rapidamente a cena. Patos e cisnes. Eles não fazem nada, mas estão ali para completar nossa paisagem. Todos os moradores de Zurique aproveitam o dia de calor, enquanto eu vou com meus pais para o oriente.

    Paga-se um ticket não muito caro e adentra-se o portal colorido. Um dragão no teto nos dá as boas vindas. E de repente se está do outro lado do mundo dos brasileiros. Aquele mesmo lugar que você, com 5 anos, acreditava que encontraria cavoucando bem fundo o chão.  Os olhos ocidentais vêem algo bem diferente de seu cotidiano. Tudo ganha um silêncio... parece até que alguém abaixou o volume da vida pulsante do verão lá de fora. Aqui dentro é outro cosmo, a gravidade pesa diferente.

    Observo o lago. Encontro trutas gigantes de cores vibrantes. Quase pequenas baleias laranjadas e de cor de berinjela. Encaramo-nos sem cerimônias e elas me hipnotizam com sua dança de movimentos deslizantes. Tranqüilos. Uma naDança Zen! Eu me deixo esvaziar.
    Meus olhos agora encontram letras chinesas pintadas nas pilastras vermelhas.  Que belo é o alfabeto chinês! Encantam-me esses símbolos não codificados pelo meu raciocínio. Fazem o oriente ficar ainda mais misterioso. Atraente. Distante. Inatingível.

    E a arquitetura colorida? COLORIDA! Detalhada e sensível. Porque será que nós ocidentais somos tão monocromos monótonos arquiteturalmente falando?  Aqui, pelo contrário, não se economiza no lápis-de-cor. Parece que a construção traduz um estado de espírito.



 


    Sentamos então um momento num coreto/templo para observar a paisagem. O olho ocidental vê melhor sentado. E de fato... logo vi. Vi como Deus é delicado. Ele tomou o cuidado de que naquele jardim chinês chovessem florezinhas de algodão de uma árvore muito alta. Chovia constantemente dentro das muralhas. Algumas florezinhas mais rebeldes até arriscavam um vôo para o mundo lá de fora. As mais ajuizadas formavam uma borda de algodão em torno dos caminhos de pedras que recortavam o gramado.


    Esse instante virou para mim eterno. Deixei-me levar e voei com as florezinhas de Deus até meu coração não agüentar mais tanta beleza. 

    Hora de voltar a turistar pela cidade.




    Antes de sair, porém, era preciso guardar o instante a sete chaves. Sem meus pais perceberem, olhei pela última vez os pilares vermelhos, os tetos coloridos, os chorões verdinhos, a ponte, o dragão, dobrei tudo bem dobradinho e guardei numa caixinha dessas de madeira oriental para trazer comigo para casa. A chave deixei com minhas trutas. A caixinha de madeira eu guardo sobre o móvel da sala junto com minhas souvenirs. Para sempre!

    Tudo durou um segundo. E foi tão intenso. Saí do jardim diferente, mas disfarcei bem pra ninguém perceber! Fiquei com medo de perder a caixinha. Agora que ela está em segurança aqui em casa, eu revelo meu segredo pelo blog.
  

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