Não quero mais a neutralidade. Quero assumir minha realidade e me expor e vencer o medo de errar que bloqueia o movimento e a criação. Quero pecar por excesso.

Esse blog é isso. Um exercício de Libertação.








domingo, 22 de julho de 2012

O causo do Eftichi e seu mini boteco

    Eftichi (fala-se Éf- ti-Ki) é um senhor gente fina de uns 57 anos, com pele morena de sol e uma barrigona de papai Noel que o deixa ainda mais simpático. Ele é dono de um mini boteco na mini vila de Spilia em Creta e grande amigo do pai do Erik (o nosso amigo).


    Dar uma passadinha no Eftichi com hora certa para ir embora é completamente impossível. Logo depois do almoço, no nosso primeiro dia, decidimos tomar uma jarrinha de vinho antes de dormir a sesta. Estávamos exaustos do vôo da madrugada e tínhamos nos programado de sair para jantar a noite.
    Jantamos, é verdade, mas no próprio bar. Nossa 1 horinha virou 5 e conseguimos deixar o local para ir direto para cama, todos alegrinhos de tanto beber. 
    Por que é tão difícil partir? Porque toda vez que ele percebe algum movimento de retirada, dá um sinal ligeiro para sua mulher Lydia, que traz imediatamente um prato de comida ou mais uma jarra de vinho. Eles são tão amorosos e desfrutam tanto a companhia dos que lá estão, que você acaba se deixando levar e fica mais um minutinho, 10, 20, horas.

Barzinho pequeno com Alessandra Ambrosio na parede.

    Seu barzinho é pequeno e simples com nada mais que umas 4 ou 5 mesas e não está nunca vazio. Quase igual um botecão  brasileiro, onde em vez de cerveja bebe-se vinho ou um destilado chamado raki. O vinho é servido bem gelado numa jarrinha com copinhos americanos e tem um gosto bem diferente dos vinhos brancos conhecidos por nós. Produzido numa vila vizinha e armazenado nessas garrofonas de 5 litros de água, ele é mais forte e mais seco. Um gosto interessante.


Comida de bar: Lingüiça frita e um creamcheese de cabra de matar de bom!

    Como em todo Boteco nesse também não falta um cachorro. O Obama, com suas patas gigantes e corpinho pequeno, é um dos mais desengonçados que eu já vi. Simpático e bonzinho combina com seu dono.
    As comidinhas são bem simples e muito saborosas. O engraçado é que você não pede nada. Eles vão trazendo os pratos conformem julgam necessário. Não existe um cardápio.


Atenção  para o quadro da parede.


     Para minha surpresa, eu não era a única brasileira no pedaço. Nas paredes dois retratos de mulheres: uma folha de calendário de novembro de 2010 com uma foto da Alessandra Ambrósio e um retrato pintando de uma mulata mostrando o seio.

Jammas! Tin tin em grego.


    Passamos uma tarde inesquecível, conversando e rindo com as pessoas locais numa Língua inexplicável, mistura de inglês (eles falavam umas poucas palavras), grego (nós aprendemos algumas), alemão (com nossos amigos) e português (entre nós, a princípio). O mais incrível foi que conseguimos nos entender razoavelmente bem. Santa linguagem corporal! Eu cheguei a conclusão que quando ambos os lados estão abertos para a comunicação, o idioma passa a ser mero detalhe. Mais fácil ainda é para os homens. Rolou um silêncio incômodo? É só começar a discutir sobre futebol que o papo pega fogo por todos os lados. Pensei seriamente em decorar uns nomes de jogadores famosos para da próxima vez poder participar. O Tato ficou tão animado num desses momentos,  depois de várias jarras de vinho, que até começou a falar português com o pessoal. Uma loucura!


Um dos pratos para não conseguirmos partir. A carninha era recheada de queijo.  

     Conhecemos figuras engraçadíssimas, como o homem das sobrancelhas grossas, que fez questão de buscar o RG no carro, para mostrar que um dia já foi jovem e bonito. Ou um outro de dentes pretos, que chegou todo sujo do trabalho, tomou um copinho e foi embora correndo. Ninguém entendeu a pressa. Voltou em 1 hora, todo orgulhoso de banho tomado, trazendo a mulher.


Tato fez amizade com o bar inteiro!

    Nessa tarde eu aprendi como o povo grego é feliz e sorridente. Não importa se estão passando por uma crise econômica braba. Eles festejam a vida! 

Hora de ir dormir.

    Na hora de ir embora, tentamos pagar a conta e o Eftichi não aceitou. Disse que pagaríamos uma próxima vez, quando ele nos oferecesse um jantar, pois aquele dia era por sua conta. Insistimos, já que qualquer dinheirinho faz ali diferença. Sua mulher então respondeu: He doesn´t want Money, He wants Friends!


Cabra frita bem na hora de sair. Ficamos então mais uma meia hora. hahaha 

    Fui embora muito tocada. Que generosidade! Uma verdadeira lição de valores. Lição de vida! Efcaristô Eftichi! (Obrigado em grego. Escrevo do jeito que se fala porque com o alfabeto cirílico fica meio difícil).  

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