Vim aqui confessar que na minha estréia no teatro, com 6
anos de idade, numa escola americana onde cursei o pré-primário, interpretei o
grande papel de um milho que não conseguia virar pipoca.
Vestida com um saco de lixo amarelo (as pipocas bem
sucedidas vestiam sacos brancos), mal sabia eu que já tratava de um tema tão profundo
da alma humana.
Meu pequeno Hamlet peruá queixava-se para os cozinheiros suas
dores metafísicas do não ser. Desenvolvia-se um bate-papo cabeça e todos
cantavam em conjunto: You can do it, pop pop! You can do it, pop pop! You can do it if you
try!!! Então, milagrosamente, eu e mais alguns milhos fracassados, encorajados
pelo canto coletivo, vencíamos o obstáculo e nos transformávamos na tão almejada
pipoca. A peça acabava com um “felizes para sempre” versão Popcorn Parade.
Quem diria que um singelo espetáculo infantil pudesse ir tão
longe nas questões metafísicas, comovendo corações, espelhando a luta diária da
humanidade, inspirando grandes políticos!
Anos mais tarde, vestida novamente com o tema que me lançou
no mundo artístico, recebi o tão renomado prêmio de melhor fantasia na festa Ósmar
da artes cênicas. Só que dessa vez, eu não era um peruá ou UMA pipoca
retardatária, eu era um saquinho inteiro!!!
Pois é... como já diziam meus companheirinhos americanos:YES,
WE CAN!!!
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