Em vez de descrever o meu fim de semana em detalhes e
citar a nossa lista de atividades como uma espécie de guia de viagem, eu
prefeito escolher um ponto que me foi mais marcante e contá-lo do meu jeito:
sem pressa e com licença poética. De impessoal basta o Tripadvisor. Aqui você
verá um pedacinho de Viena através da luneta de Jaquelina.
Naturalmente que o que mais me marcou foi o Palácio
gigantesco Schönbrunn. Para visitar só esse complexo é preciso no mín. uns 3
dias. Além de mais de 40 salas pode-se visitar o jardim, o zoológico, uma
estufa com plantas exóticas, o teatro de bonecos, uma exposição de pés de
laranjas, um museu de carruagens. Tudo isso sem contar com os concertos que são
oferecidos a noite.
Nós ficaremos com as salas e o jardim, na companhia de
Mozart e milhares de senhoras com perucas brancas e vestidos bolo de noiva.
Fizemos o chamado Grand Tour com caminhada de 1 hora e 30
pelo palácio e foi uma verdadeira viagem no tempo. Visitar 40 salas pode se
tornar cansativo para quem só observa a decoração chinesa da parede ou o lustre
de ouro da sala de jantar. Já quem, com um pouco de criatividade, imagina a
vida pulsando dentro dessa infinidade de cômodos, pode se divertir bastante com
o passeio.
Eu fiquei o tempo todo a imaginar como será que era a
vida das princesas. Que tédio! O que será que elas faziam o dia inteiro sem
internet? Ouvi dizer, porque agora já não tenho mais certeza se inventei isso,
que a princesa Sissi precisava de algumas horas de sua manhã só para arrumar os
cabelos. Aliás, precisava de horas para que ALGUÉM arrumasse os seus cabelos.
Não existia um: Te encontro em 10 minutos.
Calçar um All Star e sair pra fazer um jogging no quintal então... nem pensar!
Impossível! Aliás, a Sissi estaria mais para um Nike shocks.
A verdade verdadeira é que eu estou aqui reclamando, mas
morro de vontade de um dia usar um daqueles vestidos beeeeem grandes que nem
passam na porta. Com direito a sombrinha rendada e chapéu decorado com penas de
Fasão. Nossa! Fasão soa fino demais! Quem sabe se um dia o teatro não me
realiza esse desejo.
Voltando a questão do tédio... talvez de fato nem fosse
tão chato assim. Era preciso muito tempo pra tudo. Qualquer atividade básica
durava uma vida:
· Vestir-se
adequadamente = 2 horas
· Refeições
reais em família = 1 hora e meia x 3 (café, almoço, janta)
· Voltar
da sala de jantar pro quarto pra fazer a sesta depois do almoço = 15 min.
· Achar
o pai no palácio para dar recado urgente = 30 minutos (com sorte). Ou será que
eles tinham um sistema secreto de interfones?
Eu imagino que quem se divertia mesmo eram as crianças. Já
pensou brincar de esconde-esconde num lugar desses? Cada rodada durava dias! No
jardim então... meses!
O negócio é que a vida devia ser um blá blá blá sem fim.
Imagina que cansativo ter que fazer a social o tempo todo. Pensam que é fácil
assim ser a princesa Kate? Imagina só o tanto de reuniões chatas que ela deve
comparecer diariamente com a avó véia do marido e ainda ter que sorrir o tempo
todo.
Bom... tudo nesse mundo tem o seu lado bom e ruim:
· Olhar
todos os dias a cara lavada dos 300 parentes que compõe a nobreza e consomem a
fortuna do seu pai, o rei = chato
· Comer
diariamente pratos maravilhosos preparados pelas maravilhosas cozinheiras reais
= legal
· Ter
que controlar as calorias diante desses banquetes para não perder os luxuosos
vestidos balão= chato
· Ouvir o Mozart ao vivo e a cores na sua sala
de estar = legal (Ele tocava freqüentemente no Palácio Schönbrunn).
· Passear
de carruagem pelos jardins= legal
· Sentir
constantemente durante o passeio o fedozinho do cavalo= chato
· Comparecer
aos bailes reais = legal
· Não
poder encher a lata = chato
E os empregados? Alguém já parou pra pensar neles? Por
onde circulavam? Nós turistas só transitamos pela parte nobre do palácio, mas
quem prestar um pouquinho de atenção verá que em cada cômodo existe uma porta
discreta e disfarçada por onde transitavam os serviçais. Devia haver um mundo
paralelo por detrás daquelas paredes ricamente decoradas. Aliás, esse também
seria um tour interessante: Schönbrunn lado B.
Enfim... onde eu quero chegar com tudo isso? Nem sei.
Acabei me perdendo no primeiro piso do edifício principal. Antes de ir embora,
porém, gostaria de passar pelos mistérios do jardim. Mas onde é que fica a
saída para o lado de fora? Devo passar pelo escritório da arquiduquesa Sofia ou
virar a esquerda na sala de Napoleão? Ou ainda pular da janela do Gabinete oval
chinês?
Antes de sair vai aí uma
fofoquinha real: Vocês sabiam que Francisco Estevão e Maria Teresa tiveram nada
mais nada menos que 16 filhos? Haja Babysitter pra tanta criança. É uma fartura
sem fim! Pelo menos nos nomes eles economizavam um pouco: Estevão I, Estevão
II, Estevão III e assim por diante. Agora, no meio dessa parentaiada toda, se
você me perguntar o que a famosa Sissi foi da dona da casa Maria Teresa, eu só
poderei palpitar... nora talvez? Precisamos ver o filme, um clássico do cinema.
É tanta gente nobre que dá até um nó na cabeça. A propósito... a estória dos
Estevãos... não é lá muito verídica. É que eu não resisto aos encantos dessa
tal liberdade poética.
Saindo para o ar puro do jardim. Meus amigos... QUE JARDIM! Nós o desbravamos
através de um trenzinho, de tão grande que era.
Uma loucura! Cada estátua, cada fonte, cada árvore esculpida, uma mais
linda que a outra.
Bem de frente pra “bunda” do palácio, no extremo oposto do jardim, fica o monumento mais belo de todos, o Gloriette. Foi construído para celebrar uma batalha vencida. Qual batalha? Há... só Deus e os livros de história sabem. O que importa é a fofoca que eu ouvi, se não me engano o Audio Guide quem contou, que um desses finos aí adorava tomar seu café da manhã lá em cima, apreciando a vista panorâmica do Schönbrunn com a cidade de Viena ao fundo. Nada mal né?
Para finalizar nosso passeio, deixo-os com uma fofoca
quente de fontes seguras. Um bafón: Escondida no meio do matagal do jardim, que
é maior que o país de Mônaco, fica uma casinha amarela que era usada para
encontros de caça e encontros secretos amorosos. Eu vi com meus próprios olhos.
Ou seja, o Rei cara de pau não se dava nem o trabalho de sair de casa para
coroar a cabeça de sua rainha com um par de chifres reais!
Fim do tour. Fica a dica: assistir Amadeus. Além de ser
um filme genial, muitas cenas reproduzem cômodos do palácio de Schönbrunn.
Aveeee me mata de invejaaaaaa!! que lugar lindo!!
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