Fizemos uma viagem de carro tranqüila de Munique até
Zurique com duração de 3 horas e pouco (tirando a pausa do almoço). Desde que
cruzamos a fronteira da Suíça, viajei a postos com a máquina fotográfica
engatilhada, a fim de capturar as belezas dos Alpes Suíços. Belezas que eu não
vi. Sim meus amigos, o percurso calculado pelo nosso GPS passou longe das tão
cenográficas montanhas e eu, à caça de fotos e ângulos inesquecíveis, cheguei
de mãos vazias. A sorte é que teríamos uma segunda chance na volta pra casa e
foi isso que fizemos. Mas esse é outro capítulo.
Após deixarmos o carro e as malas no Hotel Ibis, fomos de
bonde até a estação central. Lá trocamos nossos lindos euros por francos suíços
e estávamos prontos para passear. Meu pai perguntou:
- Jaque, o que você quer fazer primeiro?
Eu: -Comer chocolates.
Eu: -Comer chocolates.
A balofinha aqui já estava até com o endereço da maior
loja da chocolateria tradicional Sprüngli no bolso. Fomos então os 3 (eu, pai e
mami) caminhando pela famosa Bahnhofstrasse, uma das ruas com lojas mais caras
do mundo, até acharmos o paraíso dos sonhos das nossas lombrigas.
Entramos. Nossa! Que coisa mais linda! Ninguém calcula a
alegria que eu sinto dentro de mim quando entro numa doceria assim. Uma vez, em
Berlim, eu passei mal de felicidade num restaurante indiano quando chegaram
nossos pratos. Fiquei meio sem ar! O Tato faz piada até hoje. Ai.... Deus me
perdoe por essa minha paixão obsessiva pelas comidas boas do mundo. E já que é
pra falar a verdade, eu vou lavar minha alma e confiar que você, meu leitor
amigo, vai me perdoar: Eu prefiro gastar dinheiro comendo do que comprando
coisas. Pronto. Saiu.
Voltando a Sprüngli... meus olhos foram direto nos
macarrons, os protagonistas do espetáculo. Rick Steves mandou comer, eu como
mesmo (Rick Steves é um americano que escreve livros e publica vídeos de
viagens no youtube).
Paguei a vida por uma caixinha com 10 macarrons que
escolhemos a dedo. A chocolateria possui até um catálogo com os sabores da
estação e os tradicionais. Um verdadeiro book fotográfico dos macarrons.
Saí tão alegrinha como se estivesse carregando uma caixinha de tesouro.
Procuramos então um banquinho na beira do lago de Zurique, onde pudéssemos
sentar e nos deleitar com as pequenas pedras preciosas comestíveis. Elas têm o
tamanho um pouco maior que uma moeda de 1 real.
Foi maravilhoso! O negócio é um suspiro meio crocante com
creminho no meio (parece um mini hamburguerzinho) e tem gosto de nuvem. Desfaz
na boca. Valeu cada franco suíço do meu modesto bolso alemão. Nossos preferidos
foram o de Champanhe, que não bastando ser delicioso era lindo, dourado, um
luxo e um verde e rosa de morango com Rhabarber (?).
Meu pai, por sua vez,
havia comprado uma barra de chocolate amargo que veio toda embrulhada em papel
dourado, parecendo uma barra de ouro. Dava até dó de comer. Esse, porém, não
conseguiu bater a Lindt. Convenhamos que é impossível ganhar das suas bolinhas.
Por favor... ATENÇÃO: Alguém ainda não experimentou as bolinhas da Lindt? Não
falo das barrinhas, nem das barronas, nem do coelhinho, nem dos pralinés. Eu
falo das BOLINHAS. Elas foram eleitas por mim uma das delícias gastronômicas
mais maravilhosas já existentes na face terrestre. Sem exagero! Isso é uma
verdade saída das profundezas mais profundas do meu coração balofinho. Uma
bolinha dessas é capaz de tirar uma pessoa da depressão, é capaz de unir a
humanidade, salvar vidas, instaurar a paz mundial. Aposto que se o gato Tom tivesse
experimentado uma dessas, ele nunca mais tentaria comer o Jerry. Se o macarron
é demais, a bolinha é SUBLIME! A de stracciatella versão limitada que eu comi
lá então... Insuportável. Dói de tão bom. Ok. Agora vou me conter.
Apreciemos agora os queijos. Como Zurique é uma cidade
extremamente cara, não hesitamos em passar no supermercado do lado da estação
(ele também chama Coop, como no Brasil) e comprar delícias suíças para
experimentar no hotel. Levamos um fedô amarelo e molengo, um durinho e discreto
e um genial com nozes no meio. Um trio fantástico. Fizemos uma farofada
finíssima no quarto com direito a champanhe suíça e cerejas frutas de
sobremesa.
Fechando mais esse capítulo gastronômico do meu blog, vou
dividir com vocês um ponto negro da minha alma.
Antes de ir
embora, no último dia, percebi que haviam sobrado alguns francos suíços na
carteira. Decidi então gastá-los da melhor forma possível: na Sprüngli.
Comprei 3 bombonzinhos de diferentes tipos de chocolate.
Eles eram tão pequenos, tão delicados e tão caros que fui dominado por um medo:
ter que dividi-los. O pacotinho suava nas minhas mãos trêmulas. Olhei atenta
para os lados para avistar os supostos inimigos. Meu pai esperava do lado de
fora e minha mãe comprava algo do outro lado da loja. Caminho livre. O medo
agora já era terror. Enquanto caminhava da caixa registradora para porta de
entrada, engoli os 3. Num flash de desespero. Ufa! Que alívio! Pena que não deu
pra sentir o sabor.
Quando saí, meu pai perguntou: -Ué não comprou nada?
Foi aí que eu vi o tamanho do meu monstro. Agora já era
tarde. Eles eram já eram todos, TODOS meus... para sempre!
Eu minutos antes do crime |
Essa não foi a única tragédia dessa tarde na doceria. Ao
mesmo tempo que eu conquistava meu lugarzinho no inferno, do outro lado do
balcão, minha mama se deixava encantar por uma tortinha de morango. Uma tortinha que a deixou tão pálida na hora
de pagar quanto as neves mais branquinhas do topo mais elevado dos Alpes.
Os vendedores safadinhos escrevem na etiqueta o preço
equivalente a 100 gramas. Só que ninguém imagina que aquela tortinha, colocada
estrategicamente do lado da tal etiqueta, pesa umas 350. OPS! Não faz mal! É
uma vez na vida e ainda vira história pra contar J
Um brinde aos melhores pais do mundo! |
que delicia ter os pais pertinho da gente né amiga? deve ter sido dias maravilhosos!!! nada como o cheirinho da mãe...e apoio do pai!
ResponderExcluirOi Jaque, estou pensando em incluir esse trajeto na minha viagem, você poderia me dar dicas?
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