Há muito tempo que queremos subir essa montanha, mas a
procura do dia perfeito fez nosso passeio demorar alguns meses pra sair. Era
preciso sol, muito sol, para podermos ver o máximo possível do mar de montanhas
e eu sonhava que tudo estivesse branquinho de neve. Como lá é muito alto e
venta muito, também não poderíamos ir no auge do inverno, quando ficar ao ar
livre se tornaria insuportável. Ou seja,
muitas exigências: sol, neve e temperaturas amenas. Pois tivemos a sorte de
encontrar esse dia e realizamos nosso último passeio a dois, antes de voltarmos
para o Brasil.
5 horas da matina e lá vamos nós levantar para pegar o
trem as 6. Dessa vez, nem as galinhas tinham acordado, já que em Novembro os
dias ficam claros umas 7:30. A viagem durou 2 horas e 50 min com 4 escalas. Ui.
A hora que vc começa a sentir um soninho gostosinho de trem, é hora de descer e
pegar outro. Nada disso, no entanto, foi problema. Nem mesmo o fato de eu ter
dormindo as 3:30 da matina. Já viu isso? Como uma criança em dia de
excursão, não preguei o olho de ansiedade.
Enfim... chegamos aos pés das Montanhas gigantescas, onde
optamos por subir de teleférico. Muito legal assistir ao show de mágica do
encolhimento do mundo. Existe também a opção subir de trenzinho por dentro de um túnel.
O preço é o mesmo. Por sinal, um tanto salgado, mas valeu cada centavo. A vista
lá de cima é simplesmente... não sei o que dizer... muuuuuuito difícil
descrever a perfeição do nosso planeta.
Voltemos então ao teleférico que a essa altura já está nos últimos
metros de sua subida. Últimos metros um pouco emocionantes demais para quem não
adora altura. É que o vento do pico resolveu nos embalar. Aconchegante se o
berço não estivesse a 3.000 metros de altura.
Descemos da cabine. Ufa. Terra
firme é terra firme. Corremos então para o tal do pico do pico, onde fica a
cruz dourada. Dentro da estação uma lojinha de souvenir, um restaurante, um
café e uma placa informando as condições meteorológicas: -2 graus. Por mais geladeira
que isso soe para um brasileiro, no topo da Germânia é realmente uma
temperatura amena. Em janeiro desse ano, adiamos nosso passeio, quando vi na
internet que a temperatura lá em cima estava beirando os -30.
Depois de uma escada, saímos por uma porta e tchãnan! Uma
das vistas mais belas de toda minha vida. O infinito azul levemente coberto de
neve. Silencioso. Estávamos literalmente com a cabeça nas nuvens. A imagem é
tão forte que não se consegue pensar em outra coisa. Ela preenche. Hipnotiza. E
você vira pura contemplação. Como se apertassem o botão pause da vida e naquele
momento você só existe. Deve ser por isso que ir para as montanhas é tão
relaxante.
Tudo é tão perfeito, que para nos trazer de volta desse
momento zen de plenitude, contamos com o vento. Tão forte, mas tão forte, que
às vezes era duro de respirar. Eu entrava na estação com gostinho de quero mais,
esperava 5 minutos atrás da porta no quente e, assim que meus dedos paravam de
latejar de frio, corria novamente lá pra fora, me atirando no infinito.
Descemos em seguida alguns metros com outro teleférico
para a área de ski, onde também havia um restaurante e onde se podia caminhar
mais livremente pela montanha, afundar os pés na neve e escorregar de ski
bunda. Essa parte é como uma pequena planície, onde venta menos. Tomamos
cerveja ao ar livre no meio da neve, sem sentir um pingo de frio. Maravilhoso!
Antes de partir, ainda almoçamos pratos típicos no restaurante mais alto da Alemanha.
Lá em baixo, o passeio não acabou. Demos uma volta pelo lago Eibsee curtindo a floresta de pinheiros com as cores do entardecer. Parecia coisa de filme.
No fim da tarde, enfrentamos exaustos e felizes nossas 2 horas e 50 min de retorno para Freising. Trouxemos as montanhas conosco. Durante o resto do dia, onde quer que eu olhasse era aquela imagem que eu via.
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